Colocaremos a você, caro leitor, um debate que tivemos com o Pastor Rinaldi. Não iremos abordar mais nada, pois poderíamos estar fazendo pouco juízo de sua capacidade de discernimento.
28/09/2020
Sempre encontramos algum “iluminado” que quer, de todos os modos, abrir nossos olhos para sua verdade. Uns vão diretamente ao assunto, outros são matreiros, sutis no início, mas, quando desmascarados, assumem sua posição de querer nos converter. Muitos, quando indagados, não encontram respostas à altura; infelizmente pensam que todos nós Espíritas somos idiotas, que não sabemos nada de Bíblia, calam-se diante de nossos argumentos. Imaginamos que devem ficar espantados por não correspondermos ao que pensam de nós.
Vamos citar, a título de exemplo, um debate ocorrido entre nós e um contraditor, que, por sua maneira de falar, supomos ser evangélico, para que cada um dos nossos leitores possa tirar suas próprias conclusões. Tendo feito isso por várias vezes, percebemos que muitas pessoas estão esclarecendo suas dúvidas com esses debates, razão pela qual apresentamos mais um.
No presente caso, faremos questão de omitir o nome da pessoa, o qual será denominado apenas de Ricardo, uma vez que isso não vem ao caso, pois o que nos interessa mesmo sãos os argumentos suscitados.
Todo que corresponder ao que colocamos estará com alinhamento normal à esquerda, na fonte verdana, corpo 10, enquanto que o do nosso detrator terá um afastamento, fonte verdana, corpo 9, com pano de fundo azul, para ficar fácil a distinção entre o que cada um fala. O que for nosso dentro do que ele colocar ficará, apesar do afastamento, com pano de fundo amarelo, assim, também, o que for dele em nosso texto se manterá o pano de fundo azul.
Acompanhem o desenrolar do debate com mais um fanático dono da verdade. Que inicia enviando um e-mail ao Portal do Espírito, para o qual fomos convidados a dar nossa opinião:
Estamos colocando à apreciação de nossos leitores um debate com um protestante, que queria de todas as maneiras nos convencer que a reencarnação não existe.
Elegemos a você, leitor, para ser o Juiz deste debate. Analise-o friamente, sem qualquer espécie de preconceito religioso, e decida onde se encontra a lógica.
Não vamos nos alongar mais, pois o debate já é por demais longo.
Sempre ouvimos falar dessa história do paraíso, mas até hoje não nos apontaram a sua exata localização. É de estranhar-se, pois, supondo-se, como querem muitos, que a Bíblia seja a palavra de Deus; isso não poderia ocorrer de forma alguma, por colocar em cheque a onisciência divina. Será que estamos diante de um paraíso perdido, isto é, não localizado? E como é de se esperar, os bibliólatras de plantão não irão gostar desse nosso novo questionamento. Mas o que fazer?… Não abrimos mão de usar a inteligência que Deus nos deu, uma vez que é pelo uso dela que nos diferenciamos dos irracionais.
Temos recebido de várias pessoas, seguidoras de outras correntes religiosas, e-mails com textos ou mensagens, que apesar de alguns dos autores não devam admitir, querem “abrir os nossos olhos” para a verdade, deles é claro. Alguns buscam realçar a questão dos “milagres” como base para sustentar que Deus escolheu a religião deles para os produzir. Isso não seria um privilégio?
Citaremos abaixo a resposta do escritor Hamilton Lobo de Almeida a um artigo de autoria do católico Luiz Roberto Turatti, em fórum de discussão no qual participam. Convém ressaltar que, por absoluta falta de provas deste último, não apresentadas em prazo estipulado, a moderação daquele fórum não permitiu a inclusão da matéria na íntegra, de trecho que incluía, logo no primeiro parágrafo, acusações a Chico Xavier, nos seguintes termos:
É uma pena que muitos poucos saibam ou acreditam que Chico Xavier já havia reconhecido, muito antes de morrer, que nada do que acontecia com ele e nem com nenhum pretendido intermediário do aquém com o além, e vice-versa, na penumbra dos centros-espíritas, deveria ser levado a sério.
Julgamos desnecessário comentarmos as clamorosas inverdades supracitadas. Não obstante, achamos importante citá-las para que o leitor conheça com que espécie de crítico estamos a lidar. Por isso prosseguiremos, de agora em diante, com a exposição de argumentos pró e contra, deixando desde já, o julgamento final a critério dos leitores.
Por Hamilton Lobo de Almeida
A Bíblia é o livro mais lido e mais respeitado do mundo, mas é também o mais mal interpretado. Daí as polêmicas cristãs. E a maior delas, que, geralmente, foi a tônica da convocação dos concílios, e que influiu na formação da Bíblia e na heterogeneidade de suas interpretações, é a que trata de Jesus Cristo.
E são três as correntes cristãs principais dessa polêmica: uma ortodoxa, para a qual Jesus Cristo é Deus e homem; outra que diz que Ele é só Deus; e mais aquela dos adocionistas e arianos, que sustenta que Jesus é um homem, a qual cresce, cada vez mais, entre os cristãos da atualidade, que olham com desconfiança os exageros teológicos do passado remoto. E Deus é trino, mas é único, ou seja, o Deus Pai e Mãe de Jesus e de todos nós.
Quando são Jerônimo formou a Bíblia (Vulgata), ele rejeitou os livros apócrifos, por eles terem uma tendência adocionista (Frei Jacir de Freitas Faria, “História de Maria, Mãe e Apóstola de seu Filho, nos Evangelhos Apócrifos”, página 9, Ed. Vozes). A inspiração espiritual para ela foi mais sobre São Jerônimo, pois, como vimos, foi ele o responsável pela escolha dos livros que a formam.
Mas ele, num desabafo ao Papa Dâmaso, disse sobre os originais bíblicos: “A verdade não pode existir em coisas que divergem”. Ademais, a Bíblia era copiada a mão. Assim, ela tem muitas alterações acidentais nos seus textos. Mas tem também alterações intencionais dos copistas adocionistas e arianos e dos antiadocionistas e atanasianos. Mais detalhes em nosso livro “A Face Oculta das Religiões”, EBM Editora, Santo André, SP.
Qual seria a Bíblia que foi inspirada, quando se fala em até quatrocentas mil dessas variações? (Bart D. Ehrman, Ph.D em Teologia pela “Princeton University”, maior biblista do mundo e autor de “O Que Jesus Disse? O Que Jesus não Disse?”, página 100, Prestígio Editorial, Rio – 1º lugar nos EE UU). Para Ehrman (idem, página 165), os textos antiadocionistas são alterações das Escrituras! E, infelizmente, ainda há gente que pensa que até uma vírgula da Bíblia é de Deus!
Se não fosse trágico, seria até hilariante, pois os que tomam tudo ao pé da letra não se dão conta de que, muitas vezes, caem no ridículo. É o caso daqueles que acreditam que os mortos estão dormindo. Bibliólatras desse tipo não abrem mão da literalidade bíblica e, se lhes pedirmos, apontarão inúmeras passagens para corroborar a sua forma de interpretação. Via de regra, são pessoas que só leem livros que tenham o referendo de sua liderança religiosa, não sabem que: “quem ouve um sino só escuta um som, não podendo, portanto, saber se ele está afinado” (LETERRE, 2004) Cabe-nos, por compromisso com a verdade, demonstrar que pensam erradamente; entretanto, nosso objetivo não é convertê-los, já que dificilmente abrirão mão daquilo que pensam, mas explicar aos de mente aberta como deveriam ser interpretadas as passagens que falam sobre isso, isto sim, sentimo-nos no dever de fazê-lo.
Deus é amor… (1Jo 4,16)
Apesar do equívoco dos teólogos que sempre dizem que somente os adeptos de sua religião irão salvar-se, acreditamos que sim, ou seja, todos nós seremos salvos. Algumas passagens bíblicas deixam isso evidente aos que querem ver. Vejamo-las:
Mt 5,43-48: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo, e odeie o seu inimigo!’ Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos. Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu.”
Se o Pai, que está no céu, faz nascer o sol sobre maus e bons e chover sobre justos e injustos é porque não estabelece qualquer tipo de discriminação entre as pessoas. Exato, pois “Deus não faz acepção de pessoas” (At 10,34). Certamente, seremos responsabilizados pelos nossos atos uma vez que “a cada um segundo suas obras” (Mt 16,27). Entretanto, como “Deus é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno” (Sl 103,8), consequentemente Ele “não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira” (Sl 103,9), daí Ele “não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades” (Sl 103,10), podemos esperar seu amor agindo a nosso favor, dando-nos oportunidades de progresso espiritual. Se Ele nos recomenda amar até mesmo os inimigos, como poderá agir de forma contrária?
Mt 7,7-11: “Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. Quem de vocês dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão? Ou lhe dá uma cobra, quando ele pede um peixe? Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas a seus filhos, quanto mais o Pai de vocês que está no céu dará coisas boas aos que lhe pedirem.”
Essa comparação de Jesus é o tiro de misericórdia para matar de vez a ideia de pena no inferno eterno, pois obviamente Deus, sendo um Pai infinitamente muito melhor que nós, não daria algo ruim a um de seus filhos. Quer coisa pior que “assar” eternamente no inferno, sem possibilidade de recuperação, nós que ainda somos crianças, espiritualmente falando? Aonde a justiça de formos condenados com pena superior ao tempo que gastamos para infringir a lei? Isso é tão absurdo que ficamos boquiabertos diante daqueles que admitem tal barbaridade.
Mt 21,28-32: “O que vocês acham disto? Certo homem tinha dois filhos. Ele foi ao mais velho, e disse: ‘Filho, vá trabalhar hoje na vinha’. O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois arrependeu-se, e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho, e disse a mesma coisa. Esse respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?” Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O filho mais velho.” Então Jesus lhes disse: “Pois eu garanto a vocês: os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vocês no Reino do Céu. Porque João veio até vocês para mostrar o caminho da justiça, e vocês não acreditaram nele. Os cobradores de impostos e as prostitutas acreditaram nele. Vocês, porém, mesmo vendo isso, não se arrependeram para acreditar nele.”
Imagine que nessa parábola de Jesus esse filho que não atende prontamente o Pai sejamos nós, o que não seria ilógico afirmar. Devemos observar que, na sequência, ele acaba por ir trabalhar, significando, que também nós ainda faremos o mesmo, várias oportunidades nos serão dadas, não diferente do que aconteceu com os trabalhadores da última hora, que, mesmo quase ao final do dia, ainda se entregaram ao trabalho, porquanto foram também chamados (Mt 20,1-16).
É tempo de os teólogos reformularem seus conceitos de justiça divina, para abraçar o conceito baseado numa visão cósmica das coisas, de modo a não amesquinharem a Deus como o fazem com suas interpretações, para vê-Lo, não como um Deus tribal, mas como o Criador do Universo. Somente assim é que poderão vislumbrar um Deus de amor, cuja justiça, mesmo escapando à nossa compreensão, não é pior que a justiça humana, que, apesar de colocar os infratores da lei em cadeias, dá plena chance de recuperação a todos, de forma a que possam voltar ao convívio social, após terem pago pelo seus erros.
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Dez/2006.