Em busca da solução para a dor e o sofrimento, os povos primitivos inventaram uma lenda com a qual pensavam justificá-los. Daí, surgiu a lenda de Jó. Não, caro leitor, nós ainda não estamos necessitando ser dominados com uma camisa de força; mas usaremos a força dos argumentos para provar o que estamos falando com essa análise que faremos desse livro bíblico.
01/10/2020
Sempre encontramos pela frente fanáticos que sempre estão querendo demonstrar que sabem mais de Bíblia do que nós espíritas. Talvez, inconscientemente, eles julgam ser mais inteligentes ou quiçá mais iluminados que todos nós, uns pobres coitados, que não seguimos a estreita maneira deles de interpretar a Bíblia, especialmente, por estarem atolados até o pescoço nos dogmas fabricados pela liderança religiosa de antanho, cujo objetivo era o de apenas dominar os incautos fiéis, uma vez que não lhes movia o interesse do aperfeiçoamento moral deles.
Vejamos mais um, cuja fala iremos comentar, pois se ficarmos calados pensará que não temos argumentos, reforçando-lhe a crença, que certamente negará, de ser mais inteligente que todos nós. Como não nos interessa a pessoa em si, mas os seus argumentos, omitiremos propositalmente o seu nome. Faremos isso, pois o que ela coloca é bem o pensamento de muitos outros, sabemos disso.
Nossos textos são, em sua maioria, dirigidos aos Espíritas, mas, vez por outra, somos obrigados a exercer nosso direito de defesa, especialmente quando atacam a Doutrina Espírita ou quando aparece algum fundamentalista tentando refutar algo do que colocamos, como é o caso presente.
Pessoas assim parecem que não aprendem mesmo, pois acham que estamos querendo arrebanhar ovelhas de seu rebanho, ledo engano. Conforme Kardec afirmou, o Espiritismo não é para os que possuem alguma religião, mas se dirige àqueles perdidos sem uma definição religiosa, já que as que se apresentam por aí não satisfazem seu sentimento religioso.
Normalmente em nossos textos não citamos nomes, pois na verdade isso pouco importa, mas no presente caso abriremos uma exceção, pelo motivo de que o nosso nome foi citado nas suas colocações.
Bíblia condena Espiritismo, espíritas deveriam conhecer a Jesus
Será que a Bíblia condena mesmo o Espiritismo? Por que certas pessoas insistem em dizer que o melhor para os espíritas seria ler a Bíblia? “Vocês não conhecem a Jesus”, exclamam.
Comete grande equívoco a este respeito quem assim pensa. “Conhecer” é um verbo transitivo direto que, segundo o dicionário, significa: ter ou chegar a ter conhecimento, estar bem informado, saber, reconhecer etc. Nesse passo, nós, os espíritas, “conhecemos” a Jesus, sim. Não só estamos bem certos da missão de nosso Mestre como sabemos que Ele não veio ao mundo para tão-somente O ficarmos adulando em cultos de louvores em templos de pedra.
Quer ver o Evangelho ser realmente “pregado”, quer dizer, posto em prática? Aqueles que assim se referem, deveriam, antes de propalar tamanhos absurdos, fazer uma visita a uma de nossas instituições de caridade, como os núcleos espíritas em dias de suas reuniões públicas de palestra evangélica; deveriam visitar creches, hospitais, orfanatos e asilos espíritas.
Quanto à Bíblia Sagrada, por que a Bíblia condenaria o Espiritismo, se o Espiritismo absolutamente não existia quando a lançaram? Quem afirma que a Bíblia o desaprova induz os que lhes dão ouvidos em erro. É uma inverdade! Desde os primeiros trechos do Antigo Testamento (AT) que se tem notícia (décimo século antes de Cristo), ou desde o seu primeiro exemplar lançado em Alexandria (1º século, a. C.), não há sequer uma ínfima alusão à Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec. Esta foi dada a conhecer em 18 de abril de 1857, século 19, portanto.
O livro e o filme: o “O Código Da Vinci”, de Dan Brown, são de ficção, sim, mas deram origem a discussões das mais virulentas em todos os tempos entre os cristãos. E é disso que trata esta matéria. A Editora Escala lançou a revista “Documento Especial – O Código Da Vinci”.
O autor dessa matéria orienta-se visivelmente pela teologia ortodoxa católico-protestante, o qual, corrigindo Dan Brown, afirma que o Concílio Ecumênico de Nicéia (325) serviu para reafirmar e não para reconhecer a divindade de Cristo, outro modo de dizer que ela já existia antes da realização do concílio.
Mas essa doutrina de que Jesus é também Deus não era e não é aceita por muitos cristãos seguidores da Teologia Ariana, cujo número, já grande naquela época, cresce muito, atualmente, entre os teólogos cristãos de todo o mundo, já que ela tem o respaldo bíblico: “O Pai é maior do que eu” (João 14,28) e “Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1 Timóteo 2,5).
Ainda segundo o autor, a votação do concílio foi de uma ampla maioria de bispos favoráveis à confirmação de que Jesus era outro Deus. Mas esse autor não se refere ao apoio decisivo do pagão e politeísta imperador Constantino à votação dos bispos na divindade de Jesus.
E ai dos bispos que assumissem uma posição contrária à de Constantino, que, inclusive, se proclamou ele próprio “Bispo Universal” da Igreja, ou seja, uma espécie de papa civil e pagão! Ademais, as igrejas cristãs Greco-Russa e Armênia, que mais tarde deram origem à Igreja Oriental Ortodoxa, até o canonizaram santo! E pergunto a você, leitor, se não fosse a influência de Constantino sobre os bispos, o qual convocou e presidiu esse concílio, a Teologia Ariana seria derrotada?
E sobre o casamento de Jesus com Maria Madalena no Evangelho Apócrifo do apóstolo Felipe, os Evangelhos da Bíblia (formada por são Jerônimo) não o afirmam, é verdade, mas também não o negam! O “O Código Da Vinci” traz à baila essas questões teológicas não resolvidas ou mal resolvidas do antigo cristianismo.
E a discussão disso, hoje, é preocupante para os teólogos ortodoxos, pois os cristãos não são mais obrigados a acatarem pela força o que eles determinam. E é isso que está por trás do grito desesperado desses teólogos contra o “O Código Da Vinci”, em que a ficção se torna também um realismo!
Tudo aquilo que não vem ao encontro dos nossos conhecimentos, julgamos ser algo errado, quando não o consideramos como uma mentira. Mas, será que tudo quanto a humanidade vem somando, relativamente aos valores culturais e científicos, adquiridos ao longo dos tempos, deverá se subordinar à nossa maneira de ver as coisas? Até quando certos religiosos ficarão numa rixa idiota com a Ciência? Será que tudo deve se restringir a estar ou não na Bíblia, ou seja, de acordo com ela, para ser verdadeiro?
Infelizmente, percebemos que as religiões tradicionais, ao invés de incentivarem os indivíduos ao questionamento, fazem justamente o contrário, fato que os leva a não verem nada mais do que aquilo que lhes passaram, obviamente, sob medida, pois há que se manterem os dogmas instituídos.
Certas coisas tão claras não são percebidas pelos fiéis, que são ferrenhos defensores do que aprenderam de seus líderes como sendo verdades; entretanto, nunca pararam para pensar que a verdade pode estar bem longe daquilo em que se apegam como verdadeiro. Isso é fácil de se perceber, pois os únicos argumentos de que se utilizam são pinçados de textos isolados, desprezando o contexto em que ele se encontra na Bíblia, como se nenhum outro livro a mais existisse. São os que identificamos como bibliólatras, adoradores da Bíblia, tal qual os hebreus de outrora diante do bezerro de ouro, cujo sentimento de religiosidade queriam manifestar, mas pouco lhes importava quem ou o que adoravam.
Foi só um esperto sacerdote, visando escravizar o povo, dizer que a Bíblia era a palavra de Deus, que surgiram pessoas assim, que, no fundo, são uns pobres coitados, manipulados pela sua liderança religiosa, e que ainda não se deram conta disso. Por lhes ser difícil perceberem essa manipulação, continuarão pagando o seu dízimo religiosamente, mesmo que com isso lhes falte o leite das crianças.
Os responsáveis pelo site Espiritismogi receberam uma contestação da reencarnação, princípio aceito pelo Espiritismo. Esse é um assunto do qual existem milhares de textos, contra e a favor, tão batidos que nem mais deveriam ser objeto de uma crítica, já que todos os pontos sobre o assunto já foram abordados. Inclusive, ele é combatido desde o nascimento do Espiritismo, em abril de 1857, que ainda está aí de pé, crescendo em número e qualidade dos seus adeptos. Mas sempre aparece um novo “salvador da pátria” que se julga capaz de derrubá-lo, pensando tornar-se um herói nacional, coisa que ainda não se conseguiu fazer, apesar de todo esse ataque do qual falamos.
Recebemos o seguinte e-mail:
—– Original Message —–
From: Rinaldi
To: Marcelo Martins ; Paulo da Silva Neto Sobrinho
Cc: Franck Lenzi ; NELIO MACEDO ; VAGNER LUIS ; sppalex@adm.ime.eb.br
Sent: Tuesday, November 11, 2003 4:27 PM
Subject: Re: [seitas e heresias] Re: Enquanto isto, entre os loucos…
Prezados: Gostaria de que os espíritas dessem uma olhada no artigo anexo e certamente expusessem seu ponto de vista sobre a Reencarnação e a Justiça de Deus.Aguardo.
Rinaldi
Ao que respondemos:
—– Original Message —–
From: Paulo da Silva Neto Sobrinho
To: Rinaldi ; Marcelo Martins
Cc: Franck Lenzi ; NELIO MACEDO ; VAGNER LUIS ; sppalex@adm.ime.eb.br
Sent: Wednesday, November 12, 2003 11:02 PM
Subject: Re: [seitas e heresias] Re: Enquanto isto, entre os loucos…Pastor Rinaldi,
Mais uma vez foge do assunto apresentando outro, será que vale a pena responder?
Isso, oportunamente, iremos avaliar. Não sei… às vezes acho que está querendo aprender conosco.
Mas, de qualquer forma, para que isso não fique completamente sem resposta apresentamos para sua leitura os nossos textos:1 – Presbiterianismo e Reencarnação
2 – Reencarnação, Argumentos Católicos contrários
3 – Reencarnação confirmando a misericórdia e a justiça divinas
4 – Reencarnação, uma praga
5 – Reencarnação na Bíblia
6 – Ressurreição ou Reencarnação?
7 – Reencarnação, uma prova definitiva
8 – Reencarnação, uma evidênciaComo pode ver, temos argumentos de sobra para o seu texto nesse material.
Abraços
Paulo Neto
Embora no material citado, disponível no site www.paulosnetos.net, tenhamos elementos suficientes para contestar o texto do Pastor Rinaldi, resolvemos, por bem, fazer um especificamente para ele, já que lança o seu texto como um desafio, achando, de antemão, que está colocando, os Espíritas, num beco sem saída.
Entretanto, invariavelmente, como acontece com todos os que combatem o Espiritismo, o digníssimo pastor não demonstra ter se aprofundado suficientemente no assunto; por isso, qualquer Espírita, mesmo um iniciante, conseguirá, com certeza, derrubá-lo do pedestal em que se coloca, julgando ser um grande sábio.
É muito comum recebermos e-mails de pessoas que pertencem a outros segmentos religiosos inconformados com alguns dos princípios da Doutrina Espírita.
Dois deles, em particular, causam uma certa indignação aos nossos detratores, que, em quase todos os artigos combatendo o Espiritismo, os mencionam. São eles: o princípio da reencarnação e a comunicação com os mortos.
E, mais recentemente, recebemos, por e-mail, um texto de autoria do Prof. Orlando Fedeli, que, sinceramente, confessamos não saber quem é. Mas isso pouco importa, o mais importante é fazermos a análise desse texto para ver se a refutação que esse autor apresenta contra a reencarnação, e por tabela contra a comunicação com os mortos, fundamentos do Espiritismo, são consistentes.
Muito difícil será conseguir de nossos antagonistas que sobreponham, nos seus estudos, o amor da verdade ao dos princípios que defendem. (IMBASSAHY).
Se o Espiritismo é uma falsidade, ele cairá por si mesmo; se, porém, é uma verdade, não há diatribe que possa fazer dele uma mentira. (KARDEC).
Introdução
Estamos às vésperas de se comemorar um século e meio de existência do Espiritismo, que, desde o seu início, foi, e ainda continua sendo, sistematicamente atacado por fundamentalistas, que, por andarem de viseiras, não enxergam nada além do que lhe ensinaram. Certamente, que a razão deste ataque é porque, lhe percebendo a verdade, eles tentam, de todas as maneiras, fazer com que o povo o veja como se fosse algo danoso à sociedade. Não era de se esperar outra coisa, pois até mesmo o nosso Mestre foi atacado pelos de sua época, já que a verdade, de que era portador, incomodava sobremaneira, a liderança religiosa, que tanto fez que acabou por pregá-lo numa cruz. Ainda bem que nos tempos atuais a inquisição não é outra coisa, senão um triste registro histórico de até aonde pode chegar a prepotência humana em querer enquadrar todos num só tipo de pensamento.
Essa célebre frase de Kardec, que colocamos na abertura de nosso texto, continua fazendo sentido ainda nos tempos atuais, pois, apesar de todo esse ataque, continuamos vivos. E, por sinal, cada vez mais vivos do que nunca, haja vista que os assuntos Espíritas estão na mídia, falada, escrita e televisada, provando o crescente interesse das pessoas pelos conhecimentos de que somos portadores. Não nos colocamos como os “donos da verdade”, porquanto deixamos isso aos fundamentalistas. O que nós apresentamos são princípios que poderão ou não ser aceitos, se não o forem hoje, certamente, o serão amanhã, quando o indivíduo que não o aceita terá progredido o suficiente de forma a aceitá-los. Isso, dentro de uma situação normal, sem qualquer tipo de imposição, até mesmo porque sabemos que cada um tem um determinado nível de conhecimento e que, portanto, não há como igualar todas as pessoas num mesmo plano.
Sempre nos aparece um ou outro, que, talvez, se julgando mais esperto do que todos os que já tentaram e não conseguiram, traz seus argumentos visando derrubar o Espiritismo, nos quais não percebemos nada de novo; mas, tudo não passa dos velhos e surrados argumentos anteriores, algumas vezes, com nova roupagem, já que tudo quanto fala foi sobejamente refutado, quando não por Kardec, por outros autores Espíritas que se indignam contra aqueles que querem nos tirar o direito de pensarmos, conforme nosso entendimento. Inclusive, esse direito individual é garantido na Constituição, lei máxima de nosso país, quando assegura plena liberdade religiosa a cada brasileiro.
Sobre a reencarnação, Kardec não deixou de rebater os críticos; dele transcrevemos:
Quanto à reencarnação, de duas coisas uma: ou ela existe, ou ela não existe: não há meio termo. Se ela existe, é que está nas leis da Natureza. Se um dogma diz outra coisa, trata-se de saber quem tem a razão, o dogma ou a Natureza, que é obra de Deus. A reencarnação não é, pois, uma opinião, um sistema, como uma opinião política ou social, que se pode adotar ou recusar; é um fato ou não o é; se é um fato, é inútil não ser do gosto de todo o mundo, tudo o que se disser não o impedirá de ser um fato. (KARDEC, 1993a, p. 266).
Essa fala deveria ter sido suficiente para deixar os contraditores no seu devido lugar; entretanto, insistentemente voltam à carga. Vejamos então o que diz esse novo crítico.
A Matemática e a Lógica como base para o paradigma do espírito
Histórico:
Em 1900, no Congresso Internacional de Matemática de Paris, o jovem e genial David Hilbert apresenta um surpreendente trabalho notificando as 23 questões ainda “em aberto”, que após resolvidas, completariam todo o escopo da matemática.
O ideal de Hilbert era desencadear um esforço geral da comunidade científica a fim de completar a fundamentação lógica da matemática. Nos poucos anos que se seguiram, realmente a maior parte das questões por ele propostas foram adequadamente resolvidas.
Contudo, em 1931, enquanto ainda vigorava a proposta de Hilbert, Kurt Gödel publicou seu trabalho “Sobre as Proposições Indecidíveis”, pondo fim essa expectativa. O prestigiado Neuman, que trabalhava com afinco na proposta de Hilbert em Princepton, não tardou a aderir aos trabalhos de Gödel, dando-lhe grande apoio.
Ao mesmo tempo, no campo da Física, acontecia o desenvolvimento da teoria quântica. Também, quatro anos antes (1927), Heisemberg divulgara seu “principio da incerteza”, que estabelecia um limite físico para a experimentação microscópica direta.
Foi mais um golpe nas hipóteses determinísticas da ciência.
Mais a frente, Alonso Church e Alan Turing demonstraram que não há meios de provar se “uma proposição qualquer faz ou não parte de uma teoria”.
Curiosamente, até 1963, nem Gödel ou qualquer outro matemático havia apresentado alguma proposição que ilustrasse os teoremas da indecibilidade. Somente então, que o jovem Paul Cohen, de Stanford, desenvolveu uma técnica para teste de proposições indecidíveis chamada método de Forcing. Com ela, Cohen mostrou que o problema do contínuo Cantor da lista de Hilbert (hipótese do continuum), justamente uma das questões fundamentais da matemática, é indecidível. Após esse, numerosos problemas foram demonstrados indecidíveis, tais como: Conjectura de Borel sobre conjuntos de medida nula forte, Conjectura de Kaplansky sobre álgebras de Banach e Conjectura de Whitehead sobre o funtor Ext para grupos abelianos.
“O teorema de Gödel fixou limites fundamentais para a matemática. Foi um grande choque para a comunidade científica, pois derrubou a crença generalizada de que a matemática era um sistema coerente e completo baseado em um único fundamento lógico. O teorema de Gödel, o princípio da incerteza de Heisenberg e a impossibilidade de seguir a evolução até mesmo de um sistema determinista que se torna caótico formam um conjunto fundamental de limitações ao conhecimento científico que só veio a ser reconhecido durante o século XX”.(*) Stephen Hawking, O Universo Numa Casca De Noz.
Contudo, muitos ainda teimam não aceitar essa verdade em pleno século XXI. Argumentam que somente pelo equacionamento matemático e pelos teoremas da física é que podemos chegar à “verdade científica”. Não estamos, de modo algum, pregando a exclusão da Matemática e da Física do processo de construção científica, mas a Ciência não é uma caixinha completamente delimitada e fechada. Precisa e pode ser renovada pelas contribuições e conhecimentos metafísicos.