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Alterações das traduções bíblicas novas

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As alterações da Bíblia sempre ocorreram, principalmente com as traduções adaptáveis às novas doutrinas criadas.

Escrevendo ou falando sobre a Bíblia, por mais de meio século, em meus livros (dois lançados em inglês nos Estados Unidos), em rádio, TV, palestras pelo Brasil e Portugal, escrevendo esta coluna em O TEMPO desde 2000, tendo eu, inclusive, estudado para padre redentorista e traduzido o Novo Testamento,  venho notando que as traduções bíblicas novas têm alterado os textos de ideias espíritas e da reencarnação, o que, aliás, não é surpreendente, pois os tradutores, geralmente, são padres e pastores.

Vejamos um exemplo numa Bíblia antiga de 1930, entre outros, de João de Almeida, em Êxodo 20: 5, que diz: “… eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, ‘na’ terceira e ‘na’ quarta geração daqueles que me aborrecem”. Esse texto demonstra que o próprio espírito que pecou no passado, agora, reencarnado em um dos seus descendentes: neto (terceira geração) e bisneto (quarta geração), é que paga seus pecados (ver esse texto citado numa Bíblia). E é comum um espírito reencarnar num de seus familiares, o que reforça a ideia da reencarnação no texto. Mas os tradutores novos trocaram a preposição “em” com seu artigo “a” (“na”) pela preposição “até”, preposição  que, além de ocultar a ideia da reencarnação, complica a justiça divina (lei de causa e efeito), pois coloca espíritos pagando pecados de outro espírito, o que a Bíblia condena (Ezequiel 18: 4). Também a Vulgata Latina de são Jerônimo está de acordo com as traduções antigas: “In tertiam et in quartam generationem” (“Na” terceira e quarta gerações).

A FEB publicou uma coleção de comentários bíblicos de Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, adotando as ideias da Bíblia de Jerusalém, provavelmente querendo dar àquela sua coleção uma característica ecumênica, o que é louvável. Porém, algumas dessas ideias são confusas e, pois, deveriam ser evitadas. Por exemplo: o texto de 1 Coríntios 15: 44: “Semeia-se (sepulta-se) corpo material ou animal, ressuscita corpo espiritual”. Por que a Bíblia de Jerusalém e a citada coleção da FEB colocam no lugar de corpo animal “corpo psíquico”? Esse corpo psíquico é “vencido”, pois, tinha uma “psiquê” nele somente enquanto era vivo!

Essa mudança não confere com a expressão em grego “soma fuxikov” (corpo animal, material) e está trazendo muita confusão para os que têm a Bíblia como um livro que contém muitas verdades importantes para os católicos, ortodoxos, protestantes, evangélicos e espíritas, que querem saber o porquê das alterações!

 

José Reis Chaves

02/11/2020 em sua coluna no Jornal O Tempo

1) You Tube, palestra de José Reis Chaves, “Ressureição e Reencarnação”, no Centro Espírita Francisco Cândido Xavier, em São Francisco, SP, pela RAETV – Rede Amigo Espírita;

2) Minha tradução do Novo Testamento completo, contato@editorachicoxavier.com.br (31) 3635-2585.

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.
Esta reflexão não necessariamente representa a opinião do GAE, e é de responsabilidade do expositor.

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