A Bíblia é um livro excepcionalmente importante para toda a Humanidade.
Foi o primeiro livro a ser impresso tipograficamente, sendo também a obra publicada no maior número de idiomas em todo o mundo.
Para alguns, o livro representa a palavra de Deus, de capa a capa. Para outros, entretanto, seu texto deve conduzir à reflexão e apreciado como literatura alegórica, em muitas oportunidades.
A Bíblia é chamada de “O Livro Sagrado”, pelo respeito exacerbado que, ao longo dos séculos, foi construído pela Igreja. A reforma protestante exaltou, ainda mais, o texto bíblico, buscando torná-lo inatacável.
As gerações humanas se sucederam, sem que, mesmo quanto aos trechos da Bíblia notoriamente exagerados ou controversos se colocasse qualquer observação, sob pena de granjear, o audacioso que assim procedesse, o epíteto de herege ou sacrílego.
É inegável o excepcional valor de muitos ensinamentos do livro.
É inaceitável, contudo, afirmar-se ser, todo o seu conteúdo a palavra de Deus, tantas são as menções carentes de racionalidade.
Com a evolução temporal, surgiram vários estudiosos que deliberaram esclarecer, debater e reparar as passagens bíblicas merecedoras de observação.
No Brasil, anteriormente, destacaram-se, como críticos da Bíblia, o conspícuo Dr. Carlos Imbassahy, espírita convicto e militante e o Dr. Mário Cavalcanti de Melo, autor do livro “Da Bíblia aos Nossos Dias”, cujo subtítulo é: “Suas lendas, seus erros e contradições”, em obra prefaciada pelo Professor Deolindo Amorim.
Hodiernamente, irrompe outro grande estudioso da Bíblia, em seus múltiplos aspectos, o estimado confrade Paulo da Silva Neto Sobrinho, com os mesmos objetivos colimados por aqueles precursores ilustres, qual seja, o de retirar as “escamas” que perduram nos olhos de tantos, incrustados num dogmatismo irremovível.
O escopo de Paulo Neto, nesta obra, confunde-se integralmente ao daqueles baluartes, o que se pode depreender da transcrição que, com a devida vênia faremos, de excerto do prefácio do Professor Deolindo Amorim à obra de Mário Cavalcanti de Melo:
“A preocupação do Autor, entretanto, é de quem, não estando conformado com certos ensinos bíblicos até agora aceitos como definitivos e verdadeiros, quer rasgar o véu que ainda encobre muitas passagens da Bíblia e, assim, afastar dúvidas ou equívocos sensivelmente prejudiciais à exata compreensão de muitos pontos da História.”
A maior virtude desta nova obra analisadora e revisora dos textos bíblicos é o enfoque de novos aspectos, sob uma ótica, raciocínio e lógica diferentes. Entretanto, acontece com todos aqueles que buscam estudar a Bíblia com base no realismo, serem considerados heréticos e inimigos da fé. Anteriormente, Paulo Neto lançou outra apreciada obra sobre o mesmo tema: “A Bíblia à Moda da Casa”.
Evidenciando o fato de que a análise do texto bíblico prossegue suscitando muito interesse, surgiu esta nova obra, com nova formatação, em que os temas são estudados em tópicos separados.
As incongruências, insubsistências e diatribes são exaustivamente estudadas, e o Autor demonstra excepcional capacidade ao demonstrá-las, e mais, de extrair conclusões eivadas de racionalidade das suas colocações.
Assim como aconteceu com a sua obra antecedente, “A Bíblia à Moda da Casa”, este novo trabalho do Autor é um libelo contra o fanatismo e o dogmatismo.
Tudo porque o enfoque dado ao texto bíblico é calcado num raciocínio embasado na Doutrina dos Espíritos, de Allan Kardec.
O Espiritismo trouxe novos conhecimentos e novas luzes, em campos do saber humano até então inamovíveis, seja pelo tradicionalismo, seja pela oclusão mental. “Mais vale repelir dez verdades do que admitir uma só mentira”, lecionou o Codificador.
Paulo Neto embasa suas reflexões, observações e conclusões no conhecimento espírita, que vem amealhando ao longo de seus estudos, em estrita observância aos preceitos doutrinários.
Todo o seu trabalho é, mui certamente, oriundo de exaustivas pesquisas e de uma busca incessante de fontes confiáveis, pois a abordagem e a temária mexe e incomoda aos exegetas de plantão. O embasamento é necessário e, muitas vezes, imprescindível, para abafar reações esdrúxulas dos que se sentem atingidos com a exposição realista que é apresentada.
Não é possível, entretanto, que se continue aceitando como verdade intocável e inamovível certas colocações e certas passagens bíblicas, à vista de equívocos e impossibilidades que saltam à vista de quantos as compulsem. Esta não é uma obra de leitura, mas sim de estudo.
Apresentada em tópicos, cada um deles vai suscitar reflexão por parte do leitor. Alguns dos raciocínios e explicações apresentados serão apreciados com surpresa, levando o leitor a uma pergunta inevitável: “como nunca pensei nisso antes?” Honra ao raciocínio, à crítica e à capacidade intelectiva de Paulo Neto, lançando esta nova obra sobre assunto tão delicado e tão profundo quanto o conteúdo da Bíblia.
Usufruamos desse manancial de informações.