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A Bíblia é mesmo a palavra de Deus?

Foram os rabinos, sacerdotes judeus, que criaram esta conhecida e respeitada frase: “A Bíblia é a Palavra de Deus”. E ela o é no sentido de ser uma mensagem divina de salvação para nós todos, mas não no de ser Deus mesmo que a tenha escrito e de ser ela infalível.

E, com essa afirmação de que a Bíblia é literalmente a palavra de Deus, os líderes religiosos judeus, católicos e protestantes passaram a vê-la como sendo infalível e até a divinizando com o decorrer dos séculos, criando uma espécie de bibliolatria…

Mas, no fundo de tudo isso, estava oculto o ego inferior dos líderes religiosos, que queriam ser acatados em seus ensinos misturados com os da Bíblia. Eles foram vítimas do que todos nós seres humanos o somos, isto é, do nosso ego inferior.

Enquanto o nosso ego interior ou superior quer progredir, espiritual e moralmente falando, o nosso ego inferior tenta, por todos os meios, impedí-lo. Daí ter dito Jesus que quem quisesse ser seu discípulo, teria que renunciar-se a si mesmo. Vítima dele, São Paulo disse: “Quero fazer uma coisa, e acabo fazendo outra contrária àquela que eu queria fazer.” E os padres e os pastores quase nada falam sobre isso…

Ora, a Bíblia não poderia deixar de receber essas influências maléficas dos seus autores humanos que eram como nós. Ademais, a inspiração, mesmo sendo do anjo da guarda ou de um espírito santo, não é ditado! E nem Jesus sabe tudo. Ele disse que nem os anjos dos céus nem Ele, mas somente Deus Pai sabe quando será o final dos tempos…

A Bíblia é, pois, como a fonte, que pode jorrar água limpa. Mas essa água pode contaminar-se com as impurezas dos encanamentos que a conduzem e até da própria caixa d’água. E ela recebeu emendas para ser adaptada às decisões teológicas dos concílios.

Assim, interpolações aqui, cortes ali, e adulterações das suas traduções sempre aconteceram. Ademais, durante séculos, os textos, em sua maioria, só existiam oralmente. E, para complicar mais as coisas, embora esta não tenha sido sua intenção, Lutero tirou da Bíblia sete livros. Devido a exiguidade de nosso espaço, vamos limitar-nos a apresentar aqui apenas um exemplo de erros bíblicos: Para São Mateus l: l6, Jacó é o avô paterno de Jesus. Já para São Lucas 3: 23, é Heli.

Ora, se Deus é onisciente e infalível, jamais poderia cometer um só errinho sequer. E como a Bíblia tem erros, disso se infere que não podemos atribuir a Deus a sua autoria.

A verdade é que devemos amar a Deus sobre todas as coisas, inclusive, acima da própria Bíblia! E todos nós que a seguimos, fazemos também parte da formação da sua história que ainda continua…

E tenho dito muito: A Bíblia é a palavra de homens sobre Deus.

Artigo publicado no jornal O Tempo em 21/11/2022
PS: Com este colunista, “Presença Espírita na Bíblia” na TV Mundo Maior e a tradução do Novo Testamento, 2ª edição revisada e com notas inéditas interlineares, Ed. Chico Xavier, (31) 3637-1048, Cássia e Cleia. contato@editorachicoxavier.com.br 
Para quem quiser acompanhar a discussão da coluna no jornal O Tempo. (CLIQUE AQUI)

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.