A confusão com a criação do Espírito Santo

Uma grande verdade do cristianismo é, sem dúvida, que ele é monoteísta. E ele abrange três religiões mais importantes pelo número de seus adeptos: a católica, a protestante e a ortodoxa.

Das religiões cristãs citadas, a maior e mais influente no mundo é a católica e, nesse sentido, a menor é a ortodoxa, embora ela seja a mais velha que se separou da Igreja Católica Apostólica Romana, o que aconteceu em 1054.

Mas essa separação recebeu grande influência das questões  políticas divergentes entre os impérios ocidental e oriental, as quais, de algum modo diferente, continuam até hoje. E, nisso, os fatores religiosos diferentes entre o Ocidente e o Oriente (para mais clareza, dizemos do Oriente Médio), sem dúvida, de peso, influenciam as questões políticas e ideológicas dessas duas áreas, que, historicamente, têm sido como que o coração do mundo, desde a época das guerras das cruzadas.

E vamos ao Espírito Santo, cuja criação foi inevitável com a instituição pelos teólogos da doutrina da Santíssima Trindade, que se tornou oficial pelo Concílio Ecumênico de Constantinopla em 381, exatamente com a oficialização, também, do Espírito Santo. Os teólogos ficaram em apuros para definir o que era mesmo o Espírito Santo. Eles tinham que valorizá-lo. Seria Ele outro Deus, como eram o Deus Pai e Jesus Cristo, já declarado também Deus-Homem em Niceia, no Concílio Ecumênico de 325?

A verdade é que, com a inevitável criação do Espírito Santo, para formar a Santíssima Trindade, ficou, então, difícil desvencilhar o cristianismo do politeísmo. Mas os teólogos encontraram uma saída para defender o monoteísmo cristão, afirmando que as  Pessoas Trinitárias é que eram três, mas Deus era um só.

Por um lado, essa ideia tem certo sentido de verdade e que se mantém até hoje. Mas nem todos os teólogos a aceitam como sendo uma verdade que se tornou parte do respeitado Dogma Trinitário.

No meu humilde ponto de vista, que reconheço ser de pouca importância para os teólogos trinitaristas, que afirmam, como já vimos, que Deus é um só e que as pessoas é que são três, creio haver dúvidas sobre esse argumento, já que Deus é imutável, não podendo, pois, se transformar, tornando-se pessoa, e menos ainda três pessoas, o que se agrava pelo fato de a palavra “pessoa” ter o sentido original de “máscara” (falsidade).

Ademais, Deus tornando-se pessoa é uma humilhação sem tamanho para Ele e mesmo uma blasfêmia. Isso seria como considerar um ser humano um animal da espécie irracional. E não é à toa que os islâmicos consideram a Santíssima Trindade, com seu Espírito Santo, o maior obstáculo para eles se  aproximarem do cristianismo!

Artigo publicado no jornal O Tempo em 06/05/2024
PS: (*) Com este colunista, “Presença Espírita na Bíblia”, na TV Mundo Maior. Palestras e entrevistas em TVs com ele no YouTube e Facebook. Seus livros estão na Amazon, inclusive os em inglês, e a tradução da Bíblia (N.T.). Contato (Cássia e Cléia): contato@editorachicoxavier.com.br ou jreischaves@gmail.com 

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.