A crença na reencarnação é quase universal

Ela está presente inclusive na Bíblia como palingenesia

O cristianismo está muito preocupado com algumas de suas doutrinas antirracionais e polêmicas, principalmente, a Igreja. Por isso, ele tem perdido muitos fiéis, notadamente nos países europeus do Primeiro Mundo.

Os teólogos do alvorecer do cristianismo eram santos e agiram com boa-fé, mas eram imaturos ou pouco evoluídos nas suas ideias teológicas, inclusive, influenciadas pela mitologia.

E vamos ao assunto desta coluna de hoje: a já quase total universalidade da doutrina da reencarnação. Praticamente, são apenas os cristãos que, oficialmente, não a aceitam, dizendo que a Bíblia fala em ressurreição e não em reencarnação, o que não é verdade.

A Bíblia não fala na palavra reencarnação, porque ela ainda não existia. Quando a Bíblia foi escrita, mas usa seu sinônimo “palingenesia” que tem a mesma grafia em português. Os tradutores bíblicos estão traduzindo, erradamente, alguns textos espíritas dela. Exemplo: palingenesia traduzida por “regeneração” (Pastorino, este colunista e outros fazem a tradução bíblica correta de palingenesia por reencarnação. Ela tem a mesma grafia em português, recomendo, pois, aos meus queridos leitores verem o significado dessa palavra “palingenesia” em dicionários de português e em grego para quem conhece a língua de Platão).

E agora vamos ver que, apesar da história das igrejas cristãs estar impregnada de ideias contrárias à reencarnação, sempre houve também renomadas personagens sábias, teológicas e bíblicas que a defenderam. E ela é entendida, também, como sendo a própria ressurreição (Mateus 14: 12), a qual é sempre do espírito ou corpo espiritual e não carnal (1 Coríntios 15: 44) e que ressuscita na dimensão espiritual ou em um outro corpo novo, quando se dá a reencarnação.

Pelo espaço limitado da coluna, não vamos citar as fontes: Orígines, para Irineu o maior cristão não apóstolo; Santo Agostinho que, entre outras afirmações, disse: “Não vivi eu em outro corpo, antes de entrar no de minha mãe?”; São Gregório de Nissa: “Há necessidade de natureza para a alma imortal ser curada e purificada, e se ela não o for na vida terrestre, a cura se operará através de vidas futuras e subsequentes”; São Jerônimo: “A transmigração das almas é ensinada secretamente a poucos, desde os mais remotos tempos, como verdade não divulgável.”; Nietzche: “Minha doutrina é: Vive, para que teu desejo possa viver novamente. Esse é o teu dever, pois dessa forma, teu desejo viverá novamente”.

Uma grande massa, cada vez maior, de leigos católicos, ortodoxos, protestantes e evangélicos crê, hoje, na reencarnação. E, assim, podemos dizer, como diz o título desta coluna, que, de fato, a quase totalidade da humanidade, atualmente, crê na reencarnação.

 

Artigo publicado no jornal O Tempo em 12/02/2024
PS: Nos cinemas nacionais o filme espírita muito esperado “Nosso Lar 2”. Lançamento da EVOC “Reuniões de Desobsessão”, Paulo Neto – Ebook grátis, Editora da Revista O Consolador, Londrina, PR.

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.