Prefácio
Embora hoje uma parte bem significativa dos crentes bíblicos tradicionais, destacando-se os católicos, já aceite, sem qualquer trauma, que a reencarnação é a melhor opção para explicar a plenitude da Misericórdia e da Justiça divinas, ainda restam os que têm verdadeiro “horror” a essa palavra.
De Bíblia em punho, dizem estes últimos que, nos seus textos sagrados, não existe a palavra reencarnação, fato bem lembrado por Hugo Alvarenga Novaes, em A ideia da reencarnação está no Evangelho. Assim, diante dessa ausência da palavra reencarnação na Bíblia, eles concluem que ela é antibíblica, o que, no linguajar comum, entende-se: não faz parte da “palavra de Deus”.
Tudo bem que pensem assim, pois, muitas vezes, foi o que lhes impuseram como dogma. Porém, usando dessa mesma linha de raciocínio, poderíamos dizer-lhes também que a Trindade não existe, uma vez que essa palavra igualmente não é encontrada em nenhuma passagem bíblica.
Aos adeptos de uma só vida, que nos expliquem, com lógica irrefutável, as diversidades que encontramos à nossa volta: poucos ricos, milhares de pobres; saúde e prosperidade ao lado de doença e escassez etc. De nossa parte, gostaríamos que nos explicassem também qual é a utilidade prática da vida para uma criança que nasceu com deficiência mental, e que igualmente nos dissessem qual será o destino dela, após a morte, pois tanto o “céu” quanto o “inferno” nada ela fez para merecer nem um nem outro; e como o Vaticano II (1965) decretou o fim do limbo, ela ficaria sem “lugar” na outra vida?
Nós, estudantes do Evangelho, temos dito que, apesar de muitos fiéis levarem a ideia da reencarnação para o campo religioso, ela mais tem a ver é com a Ciência e a Filosofia e não tanto com religião, porquanto se trata de uma lei natural estabelecida por Deus, pela qual o progresso do espírito se dá, o que fica coerente com esta afirmativa de Jesus: “Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celeste” (Mateus 5,48).
Entretanto, a reencarnação é também uma realidade bíblica. De fato, na Bíblia existe para quem tiver “olhos de ver”, comprovação inequívoca de que, historicamente, os judeus acreditavam que uma pessoa, que já havia vivido antes, poderia voltar, o que se pode confirmar em História dos Hebreus, de autoria de Flávio Josefo. O termo que usavam para isso é “ressuscitar”, o que, no caso, corresponde à ideia de reencarnar, ainda que, sistematicamente, o neguem os contraditores do Espiritismo e da reencarnação.
Nesta obra, o confrade Hugo Alvarenga Novaes concentra sua tese em provar principalmente que João Batista foi a reencarnação de Elias, e os textos bíblicos lhe dão base para isso, e, a partir daí, usa a frase “Basta um só corvo branco, para provar que nem todos são negros”, ou seja, se houver apenas um caso de reencarnação na Bíblia, está provada a sua existência. E conclui o autor que reencarnar é uma lei divina irrevogável, à qual se submetem todos os seres humanos.
Desejamos ao autor sucesso na divulgação de suas ideias, constantes dessa sua obra, para que se anime e possa nos oferecer outras de suas interessantes e inteligentes ideias em prol do fenômeno da reencarnação com enfoque bíblico.
Belo Horizonte, dezembro de 2013.
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Escritor e pesquisador Espírita