A missão impossível

Havia um homem muito rico que possuía inúmeras propriedades, onde cultivava vários gêneros alimentícios, com os quais abastecia o mercado das grandes cidades.

E em virtude disso, tinha muitos trabalhadores rurais, que dependiam totalmente dele para sobreviverem, pois na região que habitavam era o único que contratava operários. Aos trabalhadores oferecia de tudo: roupas, alimentos, moradia, enfim, tudo que necessitavam para sua sobrevivência. Trabalhar para ele era o sonho dos que moravam naquela região.

Certa vez, um rapaz de nome Zé Maria, foi procurar emprego com ele, já que havia completado 18 anos. Queria seguir o seu destino. E que sorte, pensou, ao conseguir trabalho com aquele rico proprietário. Iria começar daí a alguns dias. Somente teve que esperar passar o fim de semana mais próximo.

Encontramos Zé Maria em seu primeiro dia de trabalho conversando com os outros trabalhadores. Falava-lhes da alegria de ter encontrado trabalho naquele lugar, entretanto, ficou intrigado, pois não via ninguém satisfeito e feliz. Diante disso, perguntou-lhes o porquê de sua infelicidade.

– Sabe, Zé Maria, você não imagina em que condições de trabalho nós vivemos aqui. Apesar de o nosso patrão nos dar tudo que precisamos para viver, no que se refere ao trabalho em si ele é muito cruel. Veja bem, além de não podermos sair daqui, pois é tudo cercado, ele possui vários capatazes que ficam nos vigiando o tempo todo, e, a qualquer falha, vêm eles com ameaças de nos colocar isolados a pão e água. Com isso vivemos aterrorizados. Como consequência, nós não conseguimos concentrar-nos no trabalho. E, assim, inevitavelmente, cometemos mais erros. Mas, nosso maior castigo não é ficar isolado, e sim, quando nos manda para a Vila que criou para enviar, segundo ele, os incompetentes que erram demais. Nessa Vila as condições de vida são extremamente difíceis, pois já não nos dá mais nada do que precisamos para sobreviver. E o pior, quem vai para lá, não consegue nunca mais sair-se de lá. Como você pode depreender disso, a nossa realidade é terrível.

Zé Maria, pensou: entrei numa fria! Mas concluiu: o que posso fazer, se fora daqui não há como sobreviver? E resignou-se com aquela situação, ficando lá toda a sua existência.

Essa história é para nossa reflexão. Quem não ficaria horrorizado com um patrão desse? Você gostaria de trabalhar para ele? Não? Mas achamos que, de alguma forma, você trabalha para alguém assim. Veja, vamos substituir alguns fatores e personagens ligados a essa história: a propriedade, pela Terra, os trabalhadores, por nós, o pão e a água, pelas dificuldades que a vida na Terra nos apresenta, a Vila, pelo inferno, os capatazes, pelos demônios, e o patrão, por Deus.

Em hipótese alguma pensamos em Deus dessa maneira, pois Ele para nós, como nos ensina a Bíblia, é Amor. E, no entanto, há séculos, que os teólogos vêm-nos passando um conceito de Deus exatamente igual ao do patrão cruel e malvado dessa história.

Pense nisso!
Jan/2002.

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Paulo Neto
É palestrante e articulista da Mídia Escrita Espírita e não Espírita, com vários artigos publicados em um grande número de jornais e revistas, muitos dos quais poderão ser encontrados na Internet e principalmente neste site.