A nossa filiação divina

Somos todos filhos de Deus, Pai e Mãe de todos nós. Essa é a base doutrinária de todas as religiões do mundo. E há filhos especiais de Deus para nós: Jesus, Crisna, Buda, Moisés, Zoroastro, Confúcio, Abraão, Pitágoras, Sócrates, Platão, Maomé, Lutero, Kardec, Masaharu Taniguchi (Seicho-No-Ie), Meishu- Sama (Igreja Messiânica), Blavatsky (Teosofia), Carlos Pecotche – Raumsol – (Logosofia), Ramakrishna, Madre Teresa, Padre Cícero, Irmã Dulce, Chico Xavier etc. Não avaliamos aqui o nível individual de perfeição deles. E respeitamos o que cada um pensa, nesse sentido, sobre eles.

Para nós cristãos, é Jesus o maior, para os islâmicos, é Maomé, para os judeus, é Moisés, para os budistas é Gautama (Buda), para os hindus é Crisna. E todos somos unânimes numa coisa: Deus não cria santos. São eles próprios que constroem sua santidade, ao longo dos tempos. Aliás, é para isso que existem as reencarnações ou ressurreições dos espíritos.

E até Jesus evoluiu e evolui, já que só Deus propriamente dito é imutável. “Porventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?” (Lucas 24,26). “Tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que Lhe obedecem” (Hebreus 5, 9 e 2,10). E Jesus é o Filho de Deus por excelência.

Baseados nisso, Santo Atanásio e o bispo Alexandre, de Alexandria, com suas elucubrações teológicas estranhas, lideraram no Concílio de Nicéia (325) uma corrente de teólogos que transformaram Jesus em outro Deus. Ário e o bispo Eusébio, de Nicomédia, resistiram a essa idéia contrária ao ensino do próprio Jesus que se igualou às criaturas angélicas (Mateus 24,36).

E, segundo as elucubrações teológicas do padre Leo, SCJ, cujo livro é até interessante, o ser humano reproduz Deus! (“Sêde Fecundos”, página 27, Ed. Canção Nova). E outros afirmam que apenas Jesus é filho de Deus e até que quem achar que é também filho de Deus, é politeísta!

Mas se aceitarmos que Jesus é outro Deus mesmo, não estaríamos diante do absurdo de que existe mais de um Deus e de que, portanto, Jesus seria também um outro Javé, um outro nosso Pai e Pai, pois, dele mesmo?

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.