Confesso que a Bíblia é para mim um livro de inestimável valor, mas que não é literalmente, como dizem, a palavra de Deus, pois os erros que ela contém constituem prova provada de que ela não o é.
E a reencarnação aparece na Bíblia com o nome de ressurreição, que é do espírito e não da carne (são Mateus 16,13 e 14; 17,13; 11,14; são Lucas, 1,17; 1 Coríntios 15,44; 15,50; são João 6,63; Eclesiastes 12,7; Sabedoria 8, 19 e 20; Jó 8,9; e Salmo 104,29). As chamadas penas eternas não são intermináveis, mas apenas de duração indefinida.E o espírito ressuscita ora no mundo espiritual, ora na carne (reencarnação).
O termo bíblico hebraico “ôlam”, do verbo “âlam” (ocultar), traduzido por eterno, quer dizer oculto, de duração desconhecida. Também o adjetivo grego “aiônios” e o latino “eternus”, eterno em português, significam um período longo, mas não sem fim. Se eterno nas penas bíblicas tivesse o sentido de um tempo sem fim, como muitos leitores da Bíblia ainda hoje entendem, nela deveria estar empregada a palavra grega “aidios” (para sempre) e, em latim, “sempiternus (para sempre).
Também os substantivos grego “aêon” e latino “eternitas” significam eternidade, que, como vimos, é um tempo indefinido, e não é uma só. Por isso se diz “as eternidades”. “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de eternidade a eternidade” (Salmo 106,48). Ademais, o verbo latino “castigare” (castigar), a cuja raiz pertencem castigo e castidade, tem o sentido de podar, purificar. Pena é, pois, poda ou purificação, o que jamais poderia ser para todo o sempre, e visa a regeneração (nosso livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, EBM Ed., São Paulo).
As penas sem fim e sem nossa regeneração são mitológicas, e parecem-nos próprias do Deus do Velho Testamento. Já a lei cármica reencarnacionista de Jesus, que dá a cada um segundo suas obras e que permite a nossa recuperação, é própria do nosso Deus Pai de amor!