“Não queremos crer como cegos: o raciocínio é o facho que nos guia.” (ALLAN KARDEC)
Alguns séculos atrás, quem acreditava que o Espírito era criado por Deus no momento do nascimento, não se dava conta de algo que Allan Kardec (1804-1869) muito bem observou, conforme se pode ver neste seu comentário inserido na Revista Espírita 1861:
[…] Se não se admite que a alma já tenha vivido, é absolutamente necessário que seja criada no momento da formação e para o uso de cada corpo; de onde se segue que a criação da alma por Deus estaria subordinada ao capricho do homem e na maioria das vezes é o resultado do deboche. Como! Todas as leis religiosas e morais condenam a depravação dos costumes, e Deus se aproveitaria disto para criar almas! Perguntamos a todo homem de bom senso se é possível que Deus se contradiga a tal ponto? Não seria glorificar o vício, desde que serviria à realização dos mais elevados desígnios do Todo-Poderoso: a criação das almas? Que nos digam se tal não seria a consequência da formação simultânea das almas e dos corpos, e seria pior ainda se se admitisse a opinião dos que pretendem que o homem procria a alma ao mesmo tempo que o corpo. Admitam, ao contrário, a preexistência da alma, e toda contradição cessa. […]. (1 ) (grifo nosso)