ENSAIO SOBRE O FUTURO DOS ANIMAIS
Por ALLAN KARDEC
(Publicação póstuma)
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Nas considerações preliminares de seu belo livro Excelsior, que muito recentemente apresentamos aos leitores da Revue, Mme Sophie Rosen-Dufaure faz as seguintes reflexões excelentes e muito corretas sobre a obra de Allan Kardec:
“Demonstrar experimentalmente a sobrevivência da alma já foi um evento imenso; era necessário dar aos adeptos tempo para respirar antes de lhes revelar todos os mistérios da filosofia que daí decorriam. Allan Kardec não se atreveu a falar sobre certas coisas, julgando que ainda não havia chegado a hora. Então ele deixou o advento da vida animal no reinado hominal no escuro, embora enquanto acariciava um belo angorá, muito inteligente, que estava montado em seus joelhos, ele disse a sua esposa e a Sra. Fropo seu amigo que me contou o fato: ‘Minet é um candidato à Humanidade.’ Então Allan Kardec conhecia a linhagem ascensional dos seres?… Quase não falamos sobre isso então, e por boas razões…”
Certamente que sim, Allan Kardec conhecia a questão e não é com uma mente tão lúcida, tão lógica quanto a dele que seu interesse poderia escapar. Se, em seus livros fundamentais, ele não o abordou de frente, não deixou de preocupá-lo profundamente, como podemos ver pela leitura de manuscritos, documentos e notas, que nosso diretor gentilmente aceitou, confie-nos.
Desde 1865, o Mestre já estava ocupado coletando materiais para uma obra a que inicialmente havia dado apenas o título de Livro dos Animais.
A obra teria oito capítulos: I. Futuro dos animais. – II. Transição da animalidade para a humanidade. III. Sofrimento de animais. – 4. Destruição de animais. – V. Fases progressivas da humanidade. – VI. Perfectibilidade da raça negra. – VII. Frenologia espiritualista. – VIII. Exemplos de sagacidade e sentimento em animais.
Em artigo sobre Alucinação em Alienígenas nos Sintomas da Raiva, publicado na Revue Spirite de setembro de 1865, Allan Kardec quase fez a impressão do estudo que estava realizando, nas seguintes linhas: “Adiou a solução relativa aos animais. Essa questão toca em preconceitos há muito arraigados e que seria imprudente colidir frontalmente, razão pela qual os Espíritos não o fizeram. A questão está envolvida hoje; é agitado em diversos pontos, mesmo fora do espiritualismo; os desencarnados participam dela, cada um de acordo com suas ideias pessoais; essas várias teorias são discutidas, examinadas; uma infinidade de fatos, como, por exemplo, aquele que é objeto deste artigo e que teria passado despercebido no passado, chamam a atenção hoje, em razão dos estudos preliminares que foram feitos; sem adotar esta ou aquela opinião, familiariza-se com a ideia de um ponto de contato entre o animal e a humanidade, e quando a solução final vier, em qualquer sentido que possa tomar, deve ser baseada em argumentos peremptórios que irão partir sem espaço para dúvidas; se a ideia for verdadeira, terá sido sentida; se for falso, significa que teremos encontrado algo mais lógico para colocar em seu lugar…”
Pelo que ele mesmo escreveu, o fundador da doutrina espiritualista propôs, para seu novo estudo, revisar os fatos conhecidos da inteligência dos animais com aqueles expostos nas obras de Frédéric Cuvier sobre inteligência e instinto dos animais e também em O espírito das bestas de Toussenel. Então ele estabeleceria seu sistema e finalmente receberia instruções dos Espíritos.
Publicaremos aqui os três primeiros capítulos completos e extrairemos dos documentos que se seguem e cuidadosamente classificados tudo o que acharmos mais interessante sobre o assunto em questão.
ALGOL.