Animismo, de que se trata mesmo?

Parece-nos que existe uma certa confusão entre o que é, de fato, o animismo com o que, geralmente, atribuem ou julgam sê-lo. Variadas vezes, temos visto a designação de animismo como sendo tudo  que provém do médium, seja na composição ou do processo do fenômeno mediúnico, vamos assim dizer.

A pergunta que não quer calar é: Não seriam duas coisas distintas, ou seja, de um lado estão os recursos que os Espíritos se utilizam dos médiuns e de outro a manifestação da alma ou Espírito do próprio médium?

Para uma grande maioria dos espíritas a utilização pelo Espírito manifestante da mínima coisa do arquivo de conhecimentos do médium é animismo, bem como a sua doação do ectoplasma para os fenômenos de efeitos físicos.

Enfim, se há algo do próprio médium, seja ele o que for, é animismo. Percebemos, então, que o pensamento comum é de que tudo que possa vir da “alma do médium” na produção do fenômeno mediúnico, é visto como sendo animismo, sem qualquer distinção.

Informamos que o grifo em negrito é nosso, o mesmo acontecerá nas transcrições, quando ocorrer de não ser, avisaremos.

Na Revista Espírita 1867, mês de abril, encontramos a seguinte e muito pouco conhecida fala de Allan Kardec (1804-1869), o Codificador do Espiritismo:

[…] O Espiritismo não disse ainda a sua última palavra, muito longe disto, não mais sobre as coisas físicas do que sobre as coisas espirituais. Muitas das descobertas serão o fruto de observações ulteriores. O Espiritismo não fez, de alguma sorte, até o presente, senão colocar os primeiros degraus de uma ciência cuja importância é desconhecida. Com a ajuda do que já descobriu, ele abre àqueles que virão depois de nós o caminho das investigações numa ordem especial de ideias. Não procede senão por observações e deduções. […]. (1)

Ocasionalmente relembramos essa explicação do Mestre de Lyon, pois não devemos deixar de chamar a atenção de nossos leitores para o fato de que o Espiritismo não tem ponto final, uma vez que o Codificador não fez “senão colocar os primeiros degraus”, mas que será “fruto de observações ulteriores” através dos “que virão depois de nós”.

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Paulo Neto
É palestrante e articulista da Mídia Escrita Espírita e não Espírita, com vários artigos publicados em um grande número de jornais e revistas, muitos dos quais poderão ser encontrados na Internet e principalmente neste site.
Esta reflexão não necessariamente representa a opinião do GAE, e é de responsabilidade do expositor.

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