As Pessoas da Santíssima Trindade são duas

Com todo o respeito que a doutrina da Santíssima Trindade merece, dizemos que ela é confusa e polêmica. Há verdades que são inquestionáveis por todos, como se fossem uma fórmula matemática. Uma dessas verdades inquestionáveis é que Jesus Cristo é uma pessoa e sobre a qual não há nenhuma dúvida.

Mas em 325, em Nicéia, houve o Concílio Ecumênico que declarou que Jesus Cristo é também Deus, com o que muitos teólogos discordaram e, embora em silêncio, ainda hoje discordem, pois isso é contra o Deus Pai único, incriado e não gerado, ensinado por Jesus como sendo seu Pai e Pai, também, de todos nós. É que Ele, o Deus Pai, é também a Causa Primeira de todas as Causas ou a Causa não Causada.

Para acabar com as polêmicas entre os cristãos, a Igreja proclamou que a decisão do citado concílio ecumênico era um dogma. Mas, apesar de se tratar de um dogma da Igreja – uma tese, pois, muito respeitada –, ela não é uma verdade incontestável como a que vimos acima sobre a humanidade de Jesus, pois, Ele é uma pessoa e até a mais importante da história da humanidade e pronto, repetimos, não se discute que ele é uma pessoa.

As religiões anteriores ao cristianismo eram politeístas misturadas com mitologias e tinham suas trindades: três deuses bem conhecidos e bem cultuados entre seus adeptos. E Jesus deu a entender, claramente, para nós que Ele era monoteísta, pois sua religião era o judaísmo que ensina vigorosamente a crença monoteísta judaica num Deus único, isto é, Javé.

Aliás, também os apóstolos e o povo da Judeia, em geral, eram judeus e, pois, crentes no seu único Deus Javé. Porém, a Igreja, na sua ânsia de se expandir e de conquistar os povos pagãos ou gentios que, como já dissemos, eram politeístas, acabou se inclinando um pouco para a tradição da crença religiosa trinitária deles. E, então, com o tempo, ela se viu na necessidade de criar um Deus único, mas com três Pessoas distintas.

Nisso pesou bastante, também, o fato de que Jesus, como se sabe, já era considerado Deus, desde o citado Concílio Ecumênico de Niceia. Faltava, pois, mais um deus para ser criada a Santíssima Trindade Cristã. E os teólogos arranjaram a seguinte saída: Deus é um só com três pessoas.

Porém, cremos que Deus não é pessoa, menos ainda três pessoas. Mas admitindo-se isso, seriam duas Pessoas, uma para Jesus e outra para o Espírito Santo criado pelos teólogos que, na verdade, são os espíritos dos mortos que, pelo menos, foram pessoas! Deus Pai nunca se encarnou, o que equivale dizer que nunca foi e jamais poderia ser uma pessoa. E, assim, a chamada doutrina trina teria não três, mas duas Pessoas!

Artigo publicado no jornal O Tempo em 02/09/2024
PS: (*) Com este colunista, “Presença Espírita na Bíblia”, na TV Mundo Maior. Palestras e entrevistas em TVs com ele no YouTube e Facebook. Seus livros estão na Amazon, inclusive os em inglês, e a tradução da Bíblia (N.T.). Contato (Cássia e Cléia): contato@editorachicoxavier.com.br ou jreischaves@gmail.com 

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.