Publicado na Coluna Caminhos da Fé – Jornal do Commercio 03.01.2015
Quando caminhamos sob a luz solar somos acompanhados por uma “sombra” que reflete nossos movimentos. Trata-se de um fenômeno de ordem física. Jamais conseguiremos desvencilharmo-nos dela. É uma companhia que não pedimos, mas não nos deixa!
Mas durante as nossas inúmeras existências somos, também acompanhados por “sombras” que correspondem ao que fomos em passados remotos. Essa presença é algo muito íntimo e individual. Nada mais é do que um “arquivo” que fizemos correspondendo aos nossos atos, pensamentos e ações de outrora…
Diferentemente daquela sombra oriunda do reflexo do sol sobre o nosso corpo, essa outra serve de espelho para construirmos da melhor forma as atitudes que adotaremos no dia a dia. Esse arquivo “confidencial” é uma ferramenta que nos ajuda na condução de nossas vidas. É o registro de nossas consciências e quando mergulhamos nesse ambiente tão sutil e rico descobrimos as nossas imperfeições.
Essa busca nos faz refletir quanto a semeadura que faremos na atual existência. Hoje colhemos o que plantamos outrora e o sofrimento ou felicidade que possamos ter é o resultado do que realizamos em vidas passadas.
Quando Jesus disse: “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória” (Livro dos Espíritos – Allan Kardec), questão 167, deixou evidente a verdade sobre a reencarnação hoje comprovada pela ciência com vistas ao aperfeiçoamento do Espírito. Temos ainda em João 3:3-5, quando Jesus responde a Nicodemos: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”; “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”
Tendo conhecimento e convicção da reencarnação poderemos dizer que somos “afortunados”, visto que sabendo do regresso carregado de registros bons e maus temos como planejar o próximo retorno com um alvorecer mais auspicioso em razão do plantio saudável que fizermos agora. Sócrates (470 a.C.-399 a.C.) afirmou: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”. Ele já concebia naquela época a necessidade de mergulharmos em nosso interior. Se soubermos o que somos teremos condições de melhor avaliar quem são os nossos semelhantes. Essa abordagem íntima nos trará revelações sobre nossas tendências e como nos relacionamos com o próximo.
Para tal impõe-se que nos libertemos do egoísmo e do orgulho que nos aprisionam, impedindo-nos que aceitemos as nódoas das nossas almas que são marcas dos equívocos do passado. Bastam esses dois obstáculos para que as virtudes como: o perdão, o amor, a indulgencia e tantas outras do mesmo teor vibratório permaneçam adormecidas. Mais adiante iremos verificar a nossa falha, quando não demos o devido valor às mesmas para a nossa evolução espiritual.
É importante salientar que nossas mazelas físicas ou mentais são por conta dessas “imagens” do passado. O nosso perispírito é o “arquivo d´alma” onde se acumulam todas as tormentas que carregamos na presente existência e os atos de agora serão retidos, também para as nossas colheitas futuras. Dentre as frases do poeta e retórico romano Décimo Júnio Juvenal (I a II d.C.), temos: “Mens sana in corpore sano”, sendo evidente que a saúde mental está diretamente associada à saúde física. Assim, a atividade medica deve abordar o enfermo de forma holística diagnosticando o seu estado de higidez de forma global.
O pensamento é a bússola que orienta nossas caminhadas. Não devemos esquecer de que esses roteiros de idas e vindas estão ligados a Lei Divina que nos oportuniza realizarmos reparos e ajustes imprescindíveis para a depuração do nosso Espírito que sendo imortal, não se justificaria permanecer imperfeito ad aeternum contrariando a Lei do Progresso do Criador.
Luiz Guimarães Gomes de Sá
Trabalha no Centro Espírita Caminhando Para Jesus