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Cada espírito ou todos eles são o quê?

Tenho abordado à saciedade o respeitado Espírito Santo dogmático da Santíssima Trindade. Ele, infelizmente, serve para aumentar o materialismo. E muitos líderes cristãos preferem manter silêncio sobre ele, pois eles sabem que falar sobre ele pode causar mais confusão ainda.

Os teólogos criaram a Santíssima Trindade, no IV século, oficializando o Espírito Santo no Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 381, como se ele fosse um só espírito. Mas, na verdade, ele representa, como o demonstram, na prática, o espiritismo e os próprios teólogos cristãos, todos os espíritos, que, por meio dos médiuns (pneumatas e profetas), comunicam-se conosco desde a Pré-História. Mas, recentemente, vi numa televisão um bispo católico já idoso, portanto bem culto, falar que não existem contatos entre nós e os espíritos dos mortos. Será que ele é sincero ou esquece que estamos no século XXI?

Realmente, quando a Santíssima Trindade foi criada pelos teólogos cristãos, eles sabiam que os espíritos se manifestavam por meio dos pneumatas ou profetas, chamados de “médiuns” depois de Kardec. E tudo leva a crer que os teólogos, em sua maioria, evitavam definir o que era o Espírito Santo Trino. Seria ele Deus ou homem, ou Deus-homem? Então, tiveram uma ideia genial, egoística em todo o sentido da palavra, o que não é novidade em nós, seres humanos ainda pouco evoluídos.

Segundo eles, para o papa e os bispos em concílios ecumênicos, o Espírito Santo (tido mais como um Espírito divino) manifestava-se. Já para os leigos manifestavam-se os “daimones” (demônios) maus. Ora, se eles admitiam a existência dos “daimones” maus, é porque, para eles, existiam também os “daimones” bons. E por que, então, não admitirem que seriam esses “daimones” bons que se manifestavam para eles, em vez de ser o Espírito Santo único, divino e confuso criado por eles?

É oportuno lembrar aqui que São João, na sua Primeira Carta 4: 1, nos recomenda examinarmos os espíritos (no plural!) para sabermos se merecem crédito, quando são de Deus, ou do bem. Como se vê, não se trata do Espírito Santo Trino, divino e único. Também São Jerônimo, na sua Vulgata Latina, preferiu falar “Spiritus bonus” a falar em Espírito Santo.

Muitos espíritos manifestantes, inclusive na Bíblia, eram tidos por seus próprios autores como sendo o Espírito do próprio Deus. Teria isso influenciado a crença errada sobre o Espírito Santo?

O espiritismo ensina que o Espírito Santo Trino é o conjunto de todos os espíritos (“daimones”) bons ou maus que se manifestam, o que responde ao título desta coluna, que pergunta “Cada espírito ou todos eles são o quê?”

Artigo publicado no jornal O Tempo em 13/05/2024
PS: (*) Com este colunista, “Presença Espírita na Bíblia”, na TV Mundo Maior. Palestras e entrevistas em TVs com ele no YouTube e Facebook. Seus livros estão na Amazon, inclusive os em inglês, e a tradução da Bíblia (N.T.). Contato (Cássia e Cléia): contato@editorachicoxavier.com.br ou jreischaves@gmail.com 

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.