O adjetivo platônico significa idealista, puro e casto, mas tem também a conotação daquilo que é inútil. E é nesse sentido último que o emprego nesta matéria, ao intitulá-la de “Catolicismo platônico”.
Muitas modificações têm ocorrido no catolicismo nas últimas décadas, dando lhe uma clareada, renovando-o e adaptando-o à evolução do mundo atual, o que se deve ao Concílio Ecumênico Vaticano II (1963-1965), que abriu as portas para essas reformas da Igreja, mormente no que tange à valorização das doutrinas não católicas, algumas das quais já são aceitas por muitos católicos.
Até padres e bispos crêem em certas doutrinas, mas ficam em silêncio, evitando, assim, problemas para eles. Realmente, ex-padres, independentes que se tornaram da Igreja, ao deixarem o sacerdócio, falam abertamente e até em público a favor de certas doutrinas condenadas pelo catolicismo, o que antes, como padres, era lhes vedado fazerem.
Mas está dentro da própria Igreja um grupo de católicos que resistem às suas mudanças, ou seja, os adeptos da Renovação Carismática, comandada no Brasil pela TV e Rádio Canção Nova, que ainda pregam doutrinas ultrapassadas sobre Deus e a vida após a morte.
Os carismáticos leigos, sem o saberem – a maioria deles é de pouca instrução, praticam, à moda dos evangélicos fundamentalistas, fenômenos mediúnicos ou espirituais, na linguagem bíblica, pois recebem espíritos (o arcebispo de Manaus, AM, sabe disso), os quais eles pensam serem o próprio Deus (que pretensão!) – denominado por eles de Espírito Santo, que eles, absurdamente, até O chamam também de Pai, como se Ele fosse Deus, o Javé, o que deixa os teólogos perplexos! E eles pouca importância dão à prática do Evangelho do Mestre, dedicando-se se mais a rituais e sacrifícios, quando Jesus disse: “Misericórdia quero, e não sacrifícios” (Mateus 9,13).E a coisa está ficando séria, pois Bento XVI – em sua vinda ao Brasil – negou-se a receber os carismáticos.
Além do mais, estão virando rotina os conflitos entre eles e o clero, o que leva os carismáticos à condição de jansenistas modernos, cujo catolicismo platônico, além de inútil, pois relega para um segundo plano a vivência do Evangelho, prejudica grandemente a Igreja em suas imprescindíveis renovações, sem as quais ela continuará em declínio!