Compreendendo melhor Maria, a mãe de Jesus, biblicamente

Parte dos adeptos de várias religiões, com razão, trata a Mãe de Jesus com muito carinho, porque depois dele, ela é o espírito mais iluminado que já houve em nosso planeta, daí que ela é considerada também por muitos religiosos a Mãe da Humanidade. Entre os católicos e espíritas, ela é chamada de Maria Santíssima. Assim se referiam a ela, frequentemente, Chico Xavier, Eurípedes Barsanulfo e Bezerra de Menezes, o médico dos pobres (desencarnado em 1905), que, na sua derradeira prece em homenagem a ela, teve como sendo suas últimas palavras: Maria Santíssima!

Um dos padres mais sábios da Igreja atual, o francês François Brune, representante do Vaticano em  transcomunicação instrumental (contato com os espíritos através de aparelhos eletrônicos), diz que gostaria muito de que os católicos amassem a Jesus como o amam os espíritas. E cremos que podemos dizer a mesma coisa com relação a ela, pois os espíritas, realmente, a amam também muito, por justamente ser ela a Mãe do nosso Redentor e nosso irmão maior.

Temos plena convicção de que o que vamos dizer agora não diminui a importância e a honra de Maria Santíssima. E quem for contra o que vamos dizer, é porque está dominado por preconceitos relativos aos meios criados por Deus para a procriação; e relativos também às ideias mitológicas milenares erradas que, infelizmente, influenciaram os autores da Bíblia e os teólogos cristãos antigos, seus intérpretes. E esse assunto de que vamos tratar é o da polêmica concepção virginal de Jesus. Nos tempos antigos, os avatares e outros importantes seres humanos ganhavam os títulos de filhos de Deus. E eles eram tidos como sendo de concepção divina. Assim foi com Krisna, Buda, Zoroastro e outros. De acordo com essa crença, com Jesus jamais poderia ser diferente. Foi, pois, com a melhor das intenções, que os autores bíblicos e os teólogos cristãos primitivos adotaram essas ideias mitológicas a que já nos referimos.

E vejamos como essas ideias da concepção divina, virginal e mitológica de Jesus começaram na Bíblia, e viraram dogma. A palavra hebraica “almah” significa mulher jovem e não mulher virgem e consta do Velho Testamento (Isaias 7: 14). Mas aparece traduzida para o grego na Septuaginta (250 a.C) com o significado de “partenos” (virgem). Trata-se de uma referência a Ezequias, filho do Rei Acaz, cujo nome deveria ser Emmanuel (Deus conosco), referência essa que foi tomada indevidamente como uma profecia da concepção virginal de Jesus por Maria (são Mateus 1: 23), que seguiu a tradução errada (“partenos” da Septuaginta) já mencionada. (Quem quiser saber mais, recomendo o artigo “Nascido de uma virgem”, de Paulo Neto, na internet).

Conhecido é o ensino de que Maria foi virgem antes e depois do parto, mas convenhamos que depois do parto é impossível! É estranho que as traduções de algumas Bíblias tragam o significado correto de ‘jovem’ para “almah” no Velho Testamento (Isaias 7: 14), mas errado de ‘virgem’ no Novo Testamento (Mateus 1: 23). E porque o clero católico é celibatário, talvez até inconscientemente, ele tem apoiado como correto esse erro de tradução da palavra hebraica “almah” para ‘virgem’ em vez de ‘jovem’! Mas há uma corrente de teólogos que ensina hoje que “almah” significa também honesta, adjetivo esse muito apropriado também para a Mãe de Jesus!

PS: Recomendo “O Esplendor das Bem-Aventuranças – Uma Visão Profética para o Final dos Tempos”, de Mário Frigéri, Ed. Mundo Maior, Guarulhos (SP), 2016.

 

José Reis Chaves
Setembro / 2016

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.