Segundo a filosofia, tudo demais é ruim. E, sem querer fazer menoscabo dos verdadeiros místicos, ousamos afirmar que o apego exagerado a uma crença, quase sempre produz efeitos nocivos para as pessoas, inclusive para a sua evolução espiritual.
Uma fé fervorosa costuma ser sinônimo de fanatismo religioso, tornando-se, muitas vezes, como que um meio de o indivíduo extravasar coisas do seu ego orgulhoso. Daí ele desejar que sua religião tenha o máximo de adeptos e querer pregá-la para todo mundo e para todo o mundo.
No fundo, o religioso é fanático porque ele não tem uma fé inabalável nas doutrinas da religião que ele professa. O pior é que ele ignora isso. E o fanatismo religioso é como que uma droga na vida das pessoas, pelo que é preferível não ter uma religião, a tê-la com fanatismo.
Quantas tragédias, quantas mortes nas fogueiras da Inquisição e nas campanhas das várias Cruzadas, quantos conflitos, quantas guerras, quanto sangue derramado por causa do fanatismo religioso! A própria morte de Jesus teve como uma de suas causas o fanatismo religioso dos sacerdotes judeus de sua época.
E hoje, muitas igrejas, abusando da literalidade na interpretação da Bíblia, condenam ao inferno, que pra eles não é metafórico, todos os que não pertencem à sua igreja. E para eles a Bíblia é “ipsis litteris” a palavra de Deus, frase essa herdada dos rabinos pela Igreja, mas já abandonada por ela e abraçada pelos evangélicos.
Conscientizemos-nos da verdade libertadora, desvencilhando-nos das superstições advindas de crendices religiosas exageradas que não salvam ninguém, pelo contrário, elas até criam geralmente obstáculos para a nossa libertação.
Deus poderia, por acaso, discriminar os deficientes físicos, aos quais a Igreja dedica, agora em 2006, a sua sempre louvável Campanha da Fraternidade? Mas a Bíblia fá-lo, proibindo-os de oferecerem o pão do seu Deus (Levítico 21, 16 a 21). Essa palavra não pode ser de Deus. Crer que o seja, é crer demais!