Desatando os nós da Bíblia

Novamente, como o fizemos alhures, recorramos ao filósofo holandês Baruch de Espinosa (1632-1677), que, em seu Tratado Teológico-Político, fez uma observação que, além de ser bem interessante, é atualíssima; vejamo-la:

Toda a gente diz que a Sagrada Escritura é a palavra de Deus que ensina aos homens a verdadeira beatitude ou caminho da salvação: na prática, porém, o que se verifica é completamente diferente. Não há, com efeito, nada com que o vulgo pareça estar menos preocupado do que em viver segundo os ensinamentos da Sagrada Escritura. É ver como andam quase todos fazendo passar por palavra de Deus as suas próprias invenções e não procuram outra coisa que não seja, a pretexto da religião, coagir os outros para que pensem como eles. Boa parte, inclusive, dos teólogos está preocupada é em saber como extorquir dos Livros Sagrados as suas próprias fantasias e arbitrariedades, corroborando-as com a autoridade divina. (ESPINOSA, 2003, p. 114).

Fora isso, encontramos também aqueles que, apesar de aceitarem-na como sendo a palavra infalível de Deus, incoerentemente, não a seguem no todo, como, por exemplo, o passo que determina que os pais levem seu filho rebelde à porta da cidade para que seja apedrejado pelos anciãos até a morte (Dt 21,18-21); fora outros tantos em que é estabelecida a pena de morte para várias situações, a despeito de contrariar o taxativo “Não matarás” (Ex 20,13; Dt 5,17).

 

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Paulo Neto
É palestrante e articulista da Mídia Escrita Espírita e não Espírita, com vários artigos publicados em um grande número de jornais e revistas, muitos dos quais poderão ser encontrados na Internet e principalmente neste site.
Esta reflexão não necessariamente representa a opinião do GAE, e é de responsabilidade do expositor.

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