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Deus não está nem aí para a nossa crença

Deus não se preocupa com nada sobre nós, menos ainda com a nossa crença. Com seus atributos infinitos, um dos quais é a onisciência, é claro, Ele sabe tudo o que quiser saber. Mas será que Lhe interessa saber qual é a nossa crença?

Muitas coisas que acontecem conosco, principalmente as relacionadas com o nosso destino, nós dizemos que foi Deus que quis, mas na verdade se trata do funcionamento da lei de causa e efeito ou da colheita do que semeamos. Essa lei é divina, porém, não no sentido de que foi Deus que a criou, mas que ela está de acordo com a vontade do Espírito de Deus e que, portanto, é correta.

Isso ocorre muito na Bíblia que, às vezes, tem um texto em que se diz ser do Espírito de Deus alguma coisa, mas não do Espírito da identidade do próprio Deus, e sim no sentido de que tal coisa é apoiada pelo Espírito de Deus, por ser ela do bem. E essa lei de causa e efeito não está somente na Bíblia, mas também nas escrituras sagradas das grandes religiões, daí ela ser tida, erroneamente, por muitos como sendo da autoria de Deus, o que repetimos, não é bem assim, pois Deus tem seus espíritos trabalhando no seu projeto. (Hebreus 1: 14). Somos nós mesmos que a manipulamos.

Um exemplo grosseiro deixa isso claro: a energia elétrica de nossa casa não foi criada por nós, mas nós é que a manipulamos. Se a conta vier alta, a culpa é nossa. Se vier baixa, a recompensa é nossa. Com a lei de causa e efeito, não se trata de um controle de Deus, mas de nós mesmos. É que somos responsáveis pelo que fazemos e colhemos o que plantamos.

Disse o Mestre Maior que a cada um será dado de acordo com suas obras. E disso se conclui que, por maior que seja um pecado cometido por um indivíduo, por ser obra humana e, pois, finita, o mal que ela vai colher é também finito ou limitado, e jamais infinito ou para sempre, o que seria uma injustiça que jamais poderíamos atribuir a Deus que é perfeitíssimo. E isso anula as chamadas penas “sempiternas” (esta é a palavra correta, pois, “eternas”, “aionios” em grego, na verdade significa tempo indefinido, e não sem fim).

Alguns teólogos ensinaram que as penas ‘sempiternas’ ou “para sempre” são justas porque punem obras contra Deus, que é de atributos infinitos, como se Deus sofresse com os nossos pecados, o que é um dos maiores erros teológicos. Por ser onisciente, como Deus poderia criar o homem, sabendo que o homem seria um criador de males para Ele? Na verdade, nossos pecados jamais atingem Deus. Ele é como se fosse vacinado contra qualquer tipo de mal. Disse Jó 35: 6: “Se pecas, que mal lhe causas tu? Se as tuas transgressões se multiplicam, que lhe fazes?”.

Realmente, Deus não está nem aí pelo que fazemos, e menos ainda pelo que cremos. Por isso, disse o Maior dos Mestres a conhecida frase: Seja-te dado conforme tu crês!

Artigo publicado no jornal O Tempo em 01/03/2021
* Tradução completa deste colunista do Novo Testamento: contato@editorachicoxavier.com.br e (31) 3635-2585.

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.