Sinceramente, nunca entendemos a crença de que Jesus tenha vindo somente para oferecer a si mesmo, visando expiar os pecados da humanidade. Se tomam-no como o próprio Deus, aí sim, a coisa se complica mais ainda: Deus desce do “céu”, encarna como Jesus, oferece a si mesmo para expiação dos pecados de pessoas que nem aí estão para isso, principalmente os que nasceram depois de sua vinda.
Não temos como pensar sobre a morte de Jesus senão por motivos ou questões políticas e não para pagar (ou “apagar”) pecado de ninguém; tanto é que a crucificação era uma penalidade que fazia parte da legislação romana. Se a pena fosse imposta pelos judeus, seria, por força da lógica, por apedrejamento.
Considerando que em Hebreus se afirma que a morte de Jesus “nos livrou das faltas cometidas durante a primeira aliança” (9,15), então, a conclusão é óbvia: é preciso vir outro Cristo para morrer pelos pecados cometidos pela humanidade desde a morte de Jesus até o momento do sacrifício desse outro Cristo que virá, e assim por diante, num círculo vicioso e sem fim.