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Em Deuteronômio 18, Deus proibiu de se evocar os mortos?

Entre os opositores do Espiritismo o difícil é encontrar um que não cite a já surrada alegação de que a evocação ou consulta aos mortos é algo proibido por Deus. Aliás, alguns chegam ao disparate de declarar que a proibição está em “toda” a Bíblia, quando, a bem da verdade, encontramos só uma única passagem, para sermos bem redundantes, em que ela supostamente existe. Ela se encontra no livro Deuteronômio, atribuído a Moisés, cujo teor é:

“Quando entrares na terra que o Senhor, teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; […].” (Dt 18,9-12)(1).

Confessamos que até hoje não conseguimos entender bem essa história, pois parece-nos muitíssimo estranho que Deus tenha criado uma só lei natural que viesse a Lhe causar abominação, ou seja, repulsa ou aversão a ela. Sim, porque, se os mortos se comunicam, é pelo óbvio motivo de Deus ter criado uma lei para que o intercâmbio entre os dois planos de vida pudesse acontecer, pormenor que a grande maioria dos crentes não se dá conta.

Por outro lado, os que dizem seguir, fielmente, as Escrituras, sejam eles de qualquer denominação religiosa, quando afirmam que os mortos não se comunicam, caem em contradição, uma vez que, por força da lógica, teriam também que admitir, para justificar o que pensam, que Deus tenha proibido algo que não acontece em circunstância alguma; portanto, a própria proibição bíblica, na qual se apoiam, é prova inconteste de que os mortos se comunicam, sob pena de se ter que aceitar que Deus criou algo errado ou que, posteriormente, não tenha gostado e por isso teve que proibir.

Desse modo, podemos então ver que a proibição não se ligava ao fato em si, mas ao motivo pelo qual a faziam; caso não seja, resta-nos ventilar mais outros dois motivos: ou é uma proibição de Moisés ou é uma coisa que nada tem a ver com o que pensam dela. Vamos analisá-los, um pouco mais à frente, pela ordem inversa, ou seja, do último para o primeiro.

 

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Paulo Neto
É palestrante e articulista da Mídia Escrita Espírita e não Espírita, com vários artigos publicados em um grande número de jornais e revistas, muitos dos quais poderão ser encontrados na Internet e principalmente neste site.
Esta reflexão não necessariamente representa a opinião do GAE, e é de responsabilidade do expositor.

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