Faz bastante tempo que fiz, neste espaço de minha coluna em O TEMPO, a matéria em que demonstrei que, quando o grão de feijão solta aquele seu broto tenro, o pé de feijão já existe, com o qual, então, comparei o embrião e o feto humanos no útero materno, como um ser humano, também ainda tenro, em dois tempos da sua existência, e que, portanto, matando-os, quando se comete o nefando crime do aborto, está sendo cometido, sem dúvida nenhuma, um assassinato – do que, hoje, estou ainda mais convicto!
Não vou entrar em pormenores sobre o DNA, o genoma e os genes, mas apenas no ponto de vista sintético, racional e filosófico vir a ser, ou devir, do estado potencial e dos seres.
A palavra “sêmen” é derivada da latina “semente” e da grega “esperma”, cujo significado é também sêmen. Quando o óvulo é fecundado, começa a existir uma nova vida, como já acontecia, há milhares de anos, quando o embrião e o feto, seguramente, já eram o corpo de um novo ser humano, e não de um animal de outra espécie não humana.
A semente lembra o que estamos dizendo. Por exemplo, uma semente de laranja contém um pé de laranja com todo o processo futuro de reprodução de pés de laranjas e de inúmeras novas sementes, tudo isso só dependendo de a semente ser colocada na terra úmida sob a luz solar e do fator tempo para que tais fatos se concretizem, como no princípio filosófico do vir a ser, ou devir, o qual foi defendido pelo grande filósofo Heráclito, da Antiguidade, e seguido pelo filósofo moderno Hegel. Heráclito nos deixou a conhecida afirmação interessante de que tudo muda na natureza.
E repetimos, para ficar bem claro, mas sem entrar em pormenores, que os embriões e fetos humanos já têm o DNA das pessoas já existentes neles em estado de potencialidade. E, assim, pode-se dizer que o aborto é mesmo um assassinato! Sim, pois, os embriões e fetos humanos vivendo no útero materno são seres humanos potenciais, como o broto tenro da semente de feijão já é o futuro pé de feijão; ou alguém diria que os embriões e fetos humanos no útero materno são seres vivos de outra espécie não humana?
É só uma questão do fator tempo para que se atualizem ou se caracterizem como pessoas, mesmo porque Heráclito, como já citado, sabiamente endossado pelo seu colega e grande filósofo moderno Hegel, já ensinava que tudo na natureza está em constante mudança, o que lembra também o que ensinou Lavoisier: “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”…
E diríamos do estado potencial para o da atualização do que já era em potencialidade!