Está tudo errado. Primeiro porque Ele é amor (1 João 4: 8) e infinito
Sim, aprendemos em nossa cultura cristã que Deus é bom e até muito bom, mas que temos que ter cuidado com Ele, pois Ele pode nos jogar no inferno e de cabeça para baixo! Está tudo errado. Primeiro porque Ele é amor (1 João 4:8) e infinito, pois, seus atributos são todos infinitos. Jamais pode faltar Nele amor para com todas as suas criaturas.
O tal de inferno existe. Mas ele é figurado. Não é um local geográfico de sofrimentos atrozes criado por Deus, pois Deus não é um terrorista. Ademais, não é para sempre. Certamente, alguém diz que está na Bíblia que ele é eterno –“aeternus” em latim, mas que significa tempo indeterminado, e não sem fim, como ensinaram para nós. Sem fim seria “sempiternus”, e não “aeternus” (temporário).
O respeitado teólogo São Gregório de Nissa, do século IV, irmão de São Basílio, foi um dos grandes primeiros teólogos do cristianismo primitivo. E não aceitava o inferno sem fim, mas temporário, como o purgatório. Ademais, Jesus disse que ninguém deixará de pagar tudo até o último ceitil (Mateus 5:26), o que significa que, pago o último ceitil, não vamos pagar mais nada, o que joga por terra, totalmente, as penas infernais sem fim ou sempiternas.
Cito aqui o livro “Matar os Nossos Deuses, em que Deus Acreditar?”, de José María Mardones, espanhol (Editora Ave-Maria), pois identifico-me com algumas de suas ideias teológicas, que considero corretas e oportunas. E ele, sem ser bispo nem latino-americano, foi convido pelo Vaticano para participar do Concílio Ecumênico dos Bispos Latino-Americanos realizado em Santiago do Chile. Infelizmente, ele morreu muito novo, com apenas 31 anos.
Respeitamos muito os teólogos do passado, pois agiram com a melhor de suas boas intenções, ou seja, com boa-fé, e alguns até eram santos. Mas, para falarem sobre Deus, eram muito poucos, como, aliás, até os de hoje ainda o são.
Os teólogos antigos e nós sabemos pouco sobre Deus, mas falamos muito sobre Ele! E quanto mais falarmos sobre Deus, mais riscos correremos de falar besteiras sobre Deus, pois a nossa tendência é antropomorfizarmos Deus, colocando Nele nossas mazelas!