“Então disse Samuel: Por que, pois, me perguntas a mim, visto que o Senhor te tem desamparado, e se tem feito teu inimigo?” I Sam. 28.16 (grifo meu)
Muitas pessoas afirmam que o episódio narrado no livro bíblico de I Samuel, no capítulo 28, trata-se da aparição de um demônio ou anjo mal se passando pelo profeta Samuel e que conversou com Saul. Bem, vou procurar ser bem resumido e direto. Se você quiser algo mais aprofundado defendendo uma posição ou outra, com certeza, achará na internet teses longas a respeito desse texto bíblico, porém, aqui, irei me abstrair dessas opiniões e partirei apenas da própria Bíblia e, para isso, desenvolverei apenas cinco perguntas. Vamos, sem mais perda de tempo, a elas.
1 – Se a Bíblia é toda inspirada, logo, aquele capítulo foi inspirado. Se o autor daquele texto estava sob a inspiração divina por que ele disse claramente que foi Samuel que conversou com Saul?
2 – Sendo aquele texto inspirado, estaria Deus inspirando o escritor a dizer uma mentira, já que o texto afirma categoricamente ter sido Samuel que se apresentou a Saul?
3 – Se foi um demônio aparecendo e enganando a Saul por que o autor do texto não revelou isso ao escreve-lo posteriormente, mas, pelo contrário, fez questão de dizer que foi Samuel?
4 – Se o narrador do fato não estava sob a inspiração divina e escreveu simplesmente o que ele pensou ter visto, por que aquele texto foi incluído no cânone bíblico?
5 – Sabemos que é impossível a Deus mentir. Ora, permitiria Deus que o escritor daquele texto mentisse ou se enganasse ao dizer que foi Samuel que apareceu e não um demônio, caso fosse essa a verdade?
Prezados leitores, o que acontece é que a maioria dos líderes religiosos estão comprometidos com suas instituições religiosas (que pagam seus salários) e com os seus dogmas. Esses cristãos que acham que foi um demônio que apareceu, jamais acreditariam que não foi, pois sendo assim, teriam que concordar que, se Samuel de fato apareceu, logo, o que o Espiritismo prega a esse respeito é a mais pura verdade. Sendo assim, vocês podem perceber que isso nunca aconteceu em todos esses anos de Cristianismo, haja vista o alto grau de comprometimento que seus líderes possuem com suas instituições tradicionais e faculdades de ensino.
O autor desse texto entende que consultar os mortos não seja algo natural e, portanto, não é do desejo de Deus tal prática. Perceba que quando Samuel aparece ele diz primariamente: “Por que me inquietaste, fazendo-me subir? “, revelando claramente o desagrado do profeta. Na cultura hebraica os mortos estão como que enfraquecidos, segundo nos relata Geza Vermes em seu livro “Ressurreição – História e Mito”, 1ª ed, 2013, na pág. 34. Mas a maior clareza vem de Jesus quanto a esse pensamento ao dizer que os mortos estão como que dormindo, ou seja, em outras palavras “enfraquecidos”.
