“Eu sou o que sou”, frase de Javé e de Jesus

Mas eu digo: “Eu sou o que sou”, porque eu não posso ser o que eu não sou. E todas as pessoas, não só eu, podem dizer essa frase dita por mim. Sim, se é que se tomem Javé e Jesus como sendo dois Deuses, de fato, o que Eles são, jamais nós poderíamos ser.

Aqui entramos num assunto bem confuso e polêmico entre os teólogos cristãos de todos os tempos do cristianismo. E lembro que respeito muito os pontos de vista diferentes dos meus e, principalmente, não condeno nenhum dos seus respectivos teólogos, tanto os que os criaram como os que os defendem, pois, os considero normais para Deus que não está nem aí pelas nossas crenças, sejam elas corretas ou erradas, pois continua Ele sendo sempre o mesmo, ontem, hoje e sempre o Deus todo poderoso e verdadeiro no decorrer das eternidades passadas e futuras.

Eternidades

E para quem estranha as eternidades no plural, recomendamos o Salmo 90: “de eternidade em eternidade”. Ademais, Jesus, mostrando-se indiferente para com o nosso modo de crer, disse: “Seja-te dado como tu crês”… E reiteramos que quando Javé e Jesus disseram que Eles são o que são, Eles quiseram dizer com ênfase que eles são diferentes de nós, ou seja, de um poder imensurável que não é o nosso.

Sobre Javé, já fizemos artigos em que mostramos que Ele não é o verdadeiro Deus Pai que Jesus nos ensinou, respeitando a crença dos judeus que o têm como o Deus único e verdadeiro. E afirmamos, com mais certeza hoje, que na Bíblia há vários espíritos que se apresentaram como sendo Javé.

Cremos que Ele seja um espírito guerreiro que, em nome de Deus, protege ou defende o povo judeu. Numa outra matéria, até imaginamos que Jesus possa ter sido uma reencarnação do Espírito de Javé. E, então, Jesus seria mais do que Filho de Deus, pois seria o Espírito do próprio Javé (Deus para muitos, principalmente para os seguidores do Velho Testamento), hipótese essa que nos parece bem razoável…

Os protestantes e evangélicos, talvez, por influência dos Testemunhas de Jeová, dizem mais Jeová. Já os católicos falam mais em Javé. Cremos que se trata mais de variações linguísticas por influências de regiões diferentes distantes umas das outras e de difíceis transportes. Mas essa diferença de nomes é uma questão secundária.

E reiteramos que quando Javé e Jesus falam: “Eu sou o que sou”, Eles estão afirmando o seu próprio poder, enquanto que cada um de nós, reconhecendo que não temos o poder dos dois, dizemos, como que lamentando: que somos o que somos, porque não podemos ser o que não somos, como Eles dois podem ser, isto é, poderosos. Mas cuidemos para que não caiamos no politeísmo, o que nos deixa confusos…

Artigo publicado no jornal O Tempo em 24/04/2023
PS: Com este colunista, “Presença Espírita na Bíblia” na TV Mundo Maior e a tradução do Novo Testamento, 2ª edição, ampliada na introdução, revisada e com notas inéditas interlineares com os versículos, Editora Chico Xavier. Contato@editorachicoxavier.com.br Cássia e Cleia.
Para quem quiser acompanhar a discussão da coluna no jornal O Tempo. (CLIQUE AQUI)

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.