Comumente, diz-se da possibilidade de um Espírito entrar no corpo de um médium, para transmitir o seu pensamento. É o termo usado pelos umbandistas para designar a fase do transe mediúnico, na qual o Espírito comunicante literalmente incorpora-se no medianeiro, ou seja, “entra” no seu corpo. No movimento espírita, tem-se evitado usar esse termo, embora, como veremos mais adiante, alguns espíritos e espíritas o utilizem.
O Aurélio assim define o vocábulo: Tomada do corpo do médium por um guia ou espírito; descida, transe mediúnico. Para melhor entendimento, colocaremos uma explicação mais abrangente que se encontra num site espírita1:
[do latim incorporatione] – 1. Ato ou efeito de incorporar(-se). 2. O termo incorporação tem sido aplicado inadequadamente à mediunidade psicofônica, pois não tem como dois espíritos ocuparem o mesmo corpo. No entanto, alguns teóricos espíritas afirmam que a incorporação se dá quando o Espírito, ainda que sob o controle do médium, tem a liberdade de movimentar por completo o corpo do mesmo, o que seria também chamado de psicopraxia.
Ato em que o espírito desencarnado “entra” no corpo do médium para uma interação com os demais encarnados. O espírito do médium cede lugar momentaneamente para o espírito animador. Este sempre permanece no aparelho por algum tempo, sendo totalmente impossível uma incorporação mais duradoura. O espírito que incorpora em um corpo pode doar ou sugar energias do corpo que lhe acolhe, dependendo do grau de adiantamento do espírito em questão. O espírito do médium permanece ligado a seu corpo pelo “cordão-deprata”. A incorporação é um dos mais interessantes e praticados fenômenos espíritas. Suas possibilidades são muitíssimo vastas, não só do ponto de vista da comunicação efetiva com o espírito como sua interação com o meio físico mais propriamente. Verifica-se, em muitos casos, um grande desgaste por parte do espírito [encarnado?] logo após a desincorporação, possivelmente devido a grande troca energética que se verifica entre o espírito, o médium e o meio. (Leitura básica: “O Livro dos Médiuns” de Allan Kardec).
Muita dúvida, é certo, ainda suscita esse tema. Mesmo sem que tenhamos feito um levantamento quantitativo, é bem provável que a esmagadora maioria dos estudiosos do Espiritismo – já ouvimos inclusive isso de vários deles – não aceitar tal possibilidade, especialmente quando se leva em conta o que consta em O Livro dos Espíritos, onde, como vimos, se diz: “O Espírito não entra num corpo como entras numa casa. […] Um Espírito não pode substituir-se ao que está encarnado, […]” (KARDEC, 2007a, p. 282).
Um alerta aos que têm essa primeira obra publicada pelo Codificador como algo no qual se encontra pronto e acabado tudo que se relaciona à Doutrina Espírita, não cabendo acrescentar nada mais do que está nela, transcrevemos esta esclarecedora e oportuna fala de Kardec: “O Livro dos Espíritos não é um tratado completo do Espiritismo; não faz senão colocar-lhe as bases e os pontos fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. (KARDEC, 1993i, p. 223).
1 http://portalespirito.com/doutrina/letra-i.htm