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Jesus, filho ou reencarnação de Javé?

Esta matéria encontrará apoio, principalmente, entre os afeiçoados da reencarnação. E que me perdoem aqueles para quem ela possa ser motivo de escândalo por não crerem na reencarnação e em outras questões nela abordadas, já que, como sempre, é tudo com muito respeito a todos os discordantes de minhas ideias que falo e escrevo sobre questões religiosas de qualquer religião.

A Bíblia e a teologia cristã proclamam com ênfase que Jesus Cristo é o Verbo de Deus que se encarnou entre nós e que Ele sempre coexistiu com o Deus Pai, desde todas as eternidades. E o que significa “verbo”? Significa “fala” ou “voz”. “Verbo de Deus” quer dizer, pois, fala ou voz de Deus. Essa questão é figurada como quase tudo que se diz de Deus. Mas, conforme decisão do Concílio de Niceia, em 325, Jesus Cristo ou Verbo de Deus é também Deus, o que dividiu os teólogos daquele tempo e continua até hoje e acabou virando dogma, pois toda doutrina cristã polêmica virou mesmo dogma. E, na época da Inquisição, quem negasse um dogma morria na fogueira, pois a Igreja era unida com o imperador ou rei. E quem fosse contra uma doutrina católica era considerado também um inimigo do imperador ou rei.

Uma parte dos teólogos diz que Javé não é Deus, pois a Bíblia fala em algumas coisas humanas que são atribuídas a Ele, como ciúme, vingança etc. Quem crê na reencarnação e conhece um pouco de teologia cristã e judaica terá mais facilidade para entender o meu ponto de vista meio ousado e, talvez, até ingênuo. Mas vamos lá.

Imaginemos os seguintes personagens fictícios: João é pai de Luiz, que é reencarnação de Carlos (obviamente já desencarnado). Qual é mais importante para o Luiz, seu pai, João, ou o Carlos, cujo espírito está reencarnado em Luiz? Se pensarmos bem, é mais importante para o Luiz o Carlos, pois o espírito imortal de Carlos está agora reencarnado no corpo do Luiz vivificando o corpo deste. E, quanto ao seu pai, João, apenas o seu sangue mortal está no corpo do Luiz. A lógica do exemplo é que o espírito imortal de Carlos é o mesmo do Luiz.

De fato, o corpo, por ser matéria, que veio do pó, é inferior ao espírito, que é imortal e criado à semelhança de Deus, como diz a Bíblia, ou seja, é também um ser inteligente e, pois, superior ao corpo, que é matéria.

Pelo que vimos, podemos concluir que, realmente, ser reencarnação de alguém nos torna mais ligados a esse alguém do que ao nosso próprio pai biológico. É dito que Javé não é Deus. Então, se Jesus, em vez de ser Filho de Deus, for reencarnação de Javé (homem?), Ele, Jesus, estaria mais ligado a Javé do que se fosse filho dele. Lembrando que essas palavras “Pai” e “Filho” são figuradas na Bíblia, vejamos palavras de Javé atribuídas também a Jesus: “Eu sou o Alfa e o Ômega” (Isaias 44:6).

Artigo publicado no jornal O Tempo em 19/12/2022
PS: “A Mediunidade e Seus Mecanismos: Um Estudo Aprofundado”, de Paulo Cesar Pfaltzgraff Ferreira (paulotrully@hotmail.com). Prefácio de Paulo Neto, autor de “Os Espíritos Se Comunicam na Igreja Católica”, Editora Grupo Educação, Ética e Cidadania, Divinópolis, Minas Gerais.
Para quem quiser acompanhar a discussão da coluna no jornal O Tempo. (CLIQUE AQUI)

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.