Os padres, antes de se ordenarem, já recebem quatro ordens menores. E é a terceira delas que dá ao futuro padre a autorização da Igreja para praticar o exorcismo, conforme as instruções constantes do “Manual de Exorcismo”. Por influência da mitologia, os teólogos fizeram literalmente do demônio um espírito de outra categoria que não a humana, e ainda lhe puseram rabo e chifres.
Na verdade, essa sua apresentação apenas simboliza o mal, como Netuno simboliza o vento. O que passa disso equivale ao que, em épocas longínquas, o papa ensinava que “as descobertas das doenças interiores e dos remédios para a sua cura eram coisas do demônio” (Caibar Schutel, “O Diabo e a Igreja”, pág. 20, Ed. O Clarim, Matão, SP).
O Mestre dialogava com os demônios. Eis o caso de um possesso geraseno: Vendo Jesus, o demônio O adorou, implorando para que o Mestre o deixasse em paz. Jesus perguntou-lhe o nome, e o demônio disse que se chamava Legião, pois que eram muitos espíritos.
Em seguida, eles pediram a Jesus que não os mandasse para fora do país, mas que os deixasse entrar nos porcos que pastavam por lá, com o que concordou Jesus, e eles saíram do homem e entraram nos porcos que caíram no mar e morreram afogados (Marcos 5, 1 a 14). Como se vê, Jesus não deu berros nem murros no chão, mas apenas dialogou calmamente com aqueles espíritos impuros (ainda não purificados).
Com exorcismos, eles deixam a vítima, mas muito confusos e até voltam. Hoje, a Igreja proíbe os padres de fazerem exorcismos. E o Mestre disse que há uma casta de espírito que só se expele com oração e jejum (Mateus 17,21), exatamente como o fazem os espíritas que tiram também espíritos em nome de Jesus, sim, mas sem nada de exorcismos e representações teatrais que visam impressionar os fiéis incautos!