Dia ensolarado, “sol de brigadeiro”, estava Jesus numa das belíssimas praias do nordeste brasileiro (Claro, Seu Pai é brasileiro!), escrevendo uma oração na areia, cujo início era: “Graças te rendo meu Pai por ter ocultado…”.
Concentrado, não percebeu, ao longe, uma turba de homens “de moral”, mas adeptos do projeto “Cura Gay”; cuja maioria era de líderes religiosos – padres e pastores –, que traziam manietado um homem franzino, aos gritos, diziam: Apedreja-o! Apedreja-o! Tão absorto estava Jesus que só se deu conta quando essa turba já estava bem pertinho Dele. Apresentaram-Lhe, então, o homem, dizendo:
– “Mestre este homem foi surpreendido deitado com outro homem; a lei de Moisés manda que seja apedrejado até a morte. O que tem a dizer sobre isso?”
Claro que não estavam querendo que Jesus desse Sua opinião, mas queriam enredá-lo com suas próprias palavras. Se dissesse para cumprir a lei, estaria indo contra a doutrina de amor que pregava; se, por outro lado, mandasse soltá-lo, contradiria o que a Lei ordenava; e isso seria o bastante para que Ele, o próprio Jesus, se tornasse também uma vítima; talvez, até também o apedrejassem ali mesmo na praia, manchando a areia com o Seu sangue.
O mestre, com compaixão, olhou no fundo dos olhos de todos e disse-lhes:
– “Hipócritas! Raça de víboras! Aquele dentre vós que não tenha praticado um só ato promíscuo, atire-lhe a primeira pedra”.
Envergonhados, foram embora um a um, primeiro os mais velhos; não por terem alguma prioridade, que a legislação garante aos idosos (rsrsrs), mas, pelo motivo deles serem os mais promíscuos.
Após certo tempo, já que voltara a escrever a oração, Jesus se deu conta de que estava sozinho com o homem manietado, ao qual perguntou:
– “Cadê os homens que te condenavam?”
– Foram embora, Senhor, respondeu timidamente o homem.
Jesus, então, soltando-lhe as mãos, disse-lhe:
– “Vá e não peques mais; entretanto, jamais deixe de amar.”
Sim, seria essa a atitude do Meigo Rabi de Nazaré; Ele, embora tivesse plena autoridade moral para condenar a qualquer um de nós, nunca o faria, porque o Seu amor e misericórdia são infinitamente maiores que nossas faltas; ademais nos compreende como crianças espirituais “que não sabem o que fazem”.
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Dez/2014