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Li, não sei onde: ‘a religião da preguiça’

A “religião da preguiça” é a daqueles que gostam deste pensamento literal bíblico: Quem crer em Jesus Cristo está salvo, pensamento esse reforçado por este outro: Somos salvos pelo sacrifício de Jesus na cruz. Mas não é bem assim…

E, agora, recomendo a todos os meus caros leitores uma questão muito importante: o “tempo” em que São Paulo escreveu suas cartas (mais ou menos em fins da década de 50 e princípios da de 60). E Paulo ensina que o Espírito Santo habita em nós. Mas que Espírito Santo é esse? Só pode ser o nosso espírito santo ou alma de cada um de nós com sua própria identidade. E, assim, o Espírito paulino é como se fosse uma espécie de substantivo coletivo designando todos os espíritos humanos.

Quem lê essa minha coluna e meus livros sabe que os teólogos tiveram grandes dificuldades para criar o Espírito Santo da Terceira Pessoa Trinitária. Uma dessas dificuldades é exatamente o fato de o Espírito Santo paulino ser o nosso espírito santo ou alma que habita em nós. Será que os teólogos o confundiram com o atman (alma) hinduísta e teosófico? É verdade que Brahman (o Deus para eles) é também atman. Mas isso é porque Brahman abrange também todos os seres vivos. E a alma é viva e imortal, e é também parte, pois, de Brahman…

E o Espírito Santo Trinitário dos teólogos é mesmo confuso, pois, muitos o têm como sendo Deus, também, e divulgaram-no tanto, que ele é até mais falado do que o Deus Pai, embora muitos teólogos digam que Pai, Filho e Espírito Santo são as Pessoas Trinitárias e não Deus. Será que todos os teólogos creem nessa explicação?

Diante do exposto, conclui-se que é muito grave o erro que os teólogos criadores da Santíssima Trindade cometeram para dar credibilidade à existência do Espírito Santo Trinitário deles, atribuindo-lhe, erroneamente, a sua autoria a São Paulo, quando Paulo nem o conheceu…

E é atribuído a Jesus o ensino de que o pecado contra o Espírito Santo não tem perdão. Ora, se o espírito santo é a alma do pecador que peca contra a voz de sua própria consciência, não pode ter perdão, pois, tem que ser mesmo pago, inclusive, porque ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo. (Mateus 5: 26). A Igreja diz que o pecado contra o Espírito Santo (na verdade um espírito santo) é presunção de querer se salvar sem merecimento. Mas, ultimamente, ela acrescentou mais cinco exemplos desse pecado que não posso dizer aqui, dado o limite da coluna não o permitir.

A presunção de alguém querer se salvar sem merecimento, ou sem praticar o Evangelho do excelso Mestre, lembra aqueles cristãos que, como se diz, querem sombra e água fresca. E é exatamente a eles que se pode atribuir o título dessa coluna, pois, o que eles querem mesmo é uma “religião da preguiça”…

Artigo publicado no jornal O Tempo em 28/11/2022
PS: Parabéns ao Grupo SADA, hoje internacional, ao seu fundador e presidente Vittorio Medioli e aos seus 7.000 funcionários, pelo seu aniversário de 45 anos de fundação.
Para quem quiser acompanhar a discussão da coluna no jornal O Tempo. (CLIQUE AQUI)

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.