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Manifestações do Espírito de Jesus

“A pior cegueira humana é a falta de visão crítica. O fanatismo escurece o discernimento.” (VITOR DURÃO)

Não temos dúvida de que causará espécie para algumas pessoas o uso da expressão “Espírito de Jesus”. Mas, na moral, depois de morto somente em Espírito é que se poderá aparecer ou manifestar-se. Sim, claro, há os que ainda insistem no pensamento de que a ressurreição de Jesus foi na carne. Como, se “a carne para nada serve” (João 6,63)?

 

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Paulo Neto
É palestrante e articulista da Mídia Escrita Espírita e não Espírita, com vários artigos publicados em um grande número de jornais e revistas, muitos dos quais poderão ser encontrados na Internet e principalmente neste site.
Esta reflexão não necessariamente representa a opinião do GAE, e é de responsabilidade do expositor.

Respostas de 13

  1. Uau, muito boa essa passagem, mostra mesmo que Jesus se manifestou como espirito na materialização ou com a clarividência, muito bacana.
    Grande abraço

  2. Boa tarde, Thiago. Não é uma dúvida. Foi uma crítica mesmo.

    O Morel Felipe Wilkon diz que a crítica é vista no espiritismo como uma coisa “feia, suja e de baixo nível”. Espero que ele esteja enganado e que vocês não levem a mal a minha atitude.

    De qualquer forma, se estiverem dispostos a fazer uma análise, eu vou aguardá-la.

    Já aviso que sou bastante critico em relação ao Espiritismo, em relação à sua interpretação das escrituras, em relação à sua visão da história e em relação ao seu suposto caráter científico e racional.

  3. Como assim os que insistem que a ressurreição foi na carne? Era assim que os escritores do Novo Testamento, apóstolos, cristãos primitivos e o próprio Jesus entendiam a ressurreição. Jesus afirmou de modo insofismável que estava em um corpo de carne e ossos (Lc 24:39). Na verdade, houve por parte de Kardec (que não era um erudito bíblico ou historiador) e ainda há por parte dos espíritas uma tentativa de reescrever a história. Além disso, essa tentativa frequentemente se baseia em textos incompletos e fora de contexto.

    Tirar textos de contexto pode mudar totalmente o sentido da afirmação original. Seria como se eu empregasse o Salmo 14:1 para negar a existência de Deus, citando una de suas afirmações fora de contexto: “não há Deus”. O texto original está citando a fala de outra pessoa: “disse o néscio em seu coração: não há Deus”.

    Tirar textos de contexto pose conduzir a equívocos como esse.

    É exatamente o que espíritas fazem com a Bíblia para tentar provar algumas de suas ideias, como essa de que o corpo ressurreto não é de carne.

    Um estudo robusto sobre a ressurreição foi publicado por N.T. Wright, grande estudioso que foi professor em Cambridge, Montreal e Oxford, além de pesquisador do Novo Testamento e do Cristianismo primitivo na Universidade de Oxford e na Universidade de St Andrews.

    Após analisar, a documentação antiga sobre o tema, Wright concluiu o seguinte:

    “(…) quando os primeiros cristãos diziam “ressurreição”, eles davam a essa palavra o significado que tinha tanto no paganismo (que a negava) quanto no judaísmo (afirmada por uma parte importante dele). (…) a palavra significava ressurreição corpórea, e era isto que os primeiros cristãos afirmavam.”
    WRIGHT, N.T. A Ressurreição do Filho de Deus. São Paulo: Paulus, 2017, pág. 307 e 308.

    E quanto aos versículos no artigo?
    João 6:63 está fora de contexto. Nem o versículo foi citado completamente. O texto não discorre sobre a natureza do corpo ressurreto.

    Jesus dizia que era o pão da vida (Jo 6:48) e que ninguém teria a vida eterna se não comesse a sua carne e bebesse o seu sangue (v. 53).

    Ao ouvir isso, muitos discípulos afirmaran que eram palavras duras de Jesus e que ninguém poderia ouvi-las (v. 60).
    Então Jesus explicou o seguinte:
    “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida.”
    João 6:63

    Esse foi o contexto em que Jesus fez tal afirmação. Além disso, como vemos a afirmação não foi “a carne para nada serve”. Não dessa maneira fora de contexto, mas “o espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida”. Ele falava sobre o que era necessário para se obter a vida eterna. Ele era o pão da vida, necessário para isso. O pão de que devemos nos alimentar. Não sua carne literal, mas suas palavras, que são espírito e vida.

    A ressurreição nem sequer é mencionada.

    E quanto a I Coríntios 15:35-45? Esse texto realmente fala de ressurreição, mas não nega sua natureza física. Como N.T. Wright também aponta, os antigos filósofos gregos fizeram distinção entre substâncias, mas não traçaram limites entre “físico” e “não físico” como fazem os ocidentais modernos (p. 489). Não levar isso em consideração nos conduz a um anacronismo.

    Além disso, Paulo diz “soma psychikos” e “soma pneumatykos”. “Psychikos” significa literalmente “da alma”, não “animal”, como na tradução citada no artigo. A tradução literal do texto seria, então, “corpo da alma”. Enquanto “pneumatykos” significa “do Espírito”.

    Nenhuma das duas palavras significa “físico”, portanto não há contraste entre corpo físico e corpo espiritual. Wright também mostra que a palavra “pneumatykos” era frequentemente usada para descrever objetos e pessoas físicas.

    O motivo é bem simples. “Pneumatykos” não significa “imaterial” ou “não-físico”, mas era usado com o significado de “animado e habitado pelo Espírito de Deus”. É o mesmo sentido em que um cristão diz que alguém é espiritual.

    Ou seja, o corpo da ressurreição será o corpo físico, como o Paulo deixou claro em outras situações (ex. Rm 8:9-11), porém será um corpo físico animado e habitado pelo Espírito, em contraste com o corpo anterior à ressurreição, que é “psychikos”. Este último é usado para indicar um corpo “animado pelo sopro comum de vida”

    Em I Coríntios 15:50, que foi citado parcialmente e fora de contexto (como também o foi João 6:63), a explicação para “carne e sangue não podem herdar o reino de Deus” vem logo em seguida, num paralelismo hebraico: “nem o corruptível pode herdar o incorruptível”.

    Paulo não se referia à “humanidade física”, mas à “presente humanidade física, sujeita à decadência e à morte”, conforme bem conclui Wright.

    O corpo ressurreto será físico, de carne, como acreditava Paulo e todos os demais cristãos primitivos. Porém, será um corpo físico não sujeito à decadência e à morte. O corpo será transformado incorruptível e imortal, não abandonado.

    Portanto, considero inconcebível essa conclusão, baseada em uma leitura rasa de textos incompletos e fora de contexto:

    “Logo não há como não concluir que a ressurreição de Jesus foi no corpo espiritual, ou seja, em Espírito, cumprindo-se a lei natural. Assim, sua ascensão só faz sentido no corpo espiritual ou no designado corpo incorruptível de Paulo, como se ilustra na imagem.”

    1. Boa tarde Daniel! Vamos fazer uma análise completa de João 6 e 1º Coríntios 15 e tirar sua dúvida em breve!

      1. Boa tarde, Thiago. Não é uma dúvida. Foi uma crítica mesmo.

        O Morel Felipe Wilkon diz que a crítica é vista no espiritismo como uma coisa “feia, suja e de baixo nível”. Espero que ele esteja enganado e que vocês não levem a mal a minha atitude.

        De qualquer forma, se estiverem dispostos a fazer uma análise, eu vou aguardá-la.

        Já aviso que sou bastante critico em relação ao Espiritismo, em relação à sua interpretação das escrituras, em relação à sua visão da história e em relação ao seu suposto caráter científico e racional.

          1. Boa noite, Thiago. Li o documento.

            Fiquei decepcionado com o fato de que ele ignora totalmente os meus argumentos a respeito da ressurreição em I Coríntios 15, além dos estudos acadêmicos que a embasam. Não houve refutação a eles.

            Pelo menos João 6:63 não foi novamente citado.

            Os ataques pessoais aos que discordam também são uma falha bem grave. Não é o que se espera de alguém disposto a debater um tema com educação e cortesia.

            Ainda assim, acho que ele merece uma resposta, pois mais obscurece do que esclarece, além de contradizer a maior parte do conhecimento acadêmico a respeito do tema. Eu também vou escrever um documento a respeito e logo irei publicá-lo.

            1. Bom dia Daniel! Parece-nos que você não leu o e-book, pois o autor Paulo Neto volta às passagens de 1º Coríntios 15 e João 6, complementando com diversas outras passagens, apoiando-se em cerca de 16 bibliografias igualmente acadêmicas, sendo que você se utiliza de apenas um autor a defender a ressurreição da carne!

              Esta análise é apenas no primeiro e-book indicado, onde apresenta ainda mais outros artigos de embasamento! Enviamos a primeira e segunda parte de nossa resposta. Haverá ainda a terceira parte que encerraremos nossa análise dentro de uma boa exegese e hermenêutica. Se quer dar fundamento à sua tese de ressurreição da carne, terá que trazer mais acadêmicos que corroboram com a ressurreição de um corpo físico de carne e sangue, alegando que o corpo que ressuscita é o mesmo de antes, quando vivo!

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