Recebi do pastor batista sênior Jorge Linhares, presidente da Igreja Batista Getsêmani, em Belo Horizonte, e presidente do Conselho dos Pastores de Minas Gerais, um respeitoso comentário sobre minha coluna em O TEMPO de 8.8.2022, de que muito gostei, e ao qual respondo.
O pastor Jorge me comparou com Manassés do Velho Testamento (Crônicas 2: 33). Aliás, eram dois Manassés. Um era filho de José do Egito e o outro foi um dos reis de Judá que andou aprontando muito… E o pastor deve me ter comparado foi com este último. Será que sou reencarnação do espírito desse Manassés? Uma coisa é certa: o espírito desse Manassés é imortal e, pois, não é surpreendente que ele esteja vivo reencarnando e recebendo a infinita misericórdia de Deus, a qual não cessa jamais, e se purificando dos seus pecados, pois ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo (Mateus 5: 26).
Parabenizo o pastor Jorge Linhares por ter demonstrado que ele é um adepto de um ecumenismo verdadeiro, ao citar a frase do excelso Mestre “Está consumado” (João 19:39). Segundo ele, eu, ele, os maometanos, os budistas, os cristãos etc. todos estávamos incluídos nessa frase de Jesus. Concordo em parte com ele, pois, no dia das eternidades, todos nós seremos salvos. Mas, com a frase “está consumado”, Jesus se referiu à missão d’Ele, já que a nossa, a vivência do evangelho, para muitos ainda nem começou… Porém, já que a misericórdia divina é infinita, nunca jamais terminará, e de acordo com ela, Deus até já nos criou também como espíritos imortais e com a reencarnação, dando-nos, pois, tempo suficiente para que sua misericórdia infinita não seja mesmo jamais terminada, e possamos, então, nos beneficiar dela em qualquer época das eternidades.
Discordo-me, também, do pastor Jorge de que os sacrifícios são agradáveis a Deus e de que a morte de Jesus na cruz foi tão agradável a Deus que todos os pecados da humanidade foram perdoados. Será que Deus estaria por trás do assassinato de Jesus? Quem pensa assim está muito enganado sobre as ideias que faz de Deus Pai… É verdade que Paulo e os judeus assim pensavam também. Mas isso foi há dois mil anos…. Porém, Jesus, que era também judeu, embora tenha sido Ele o maior herege do judaísmo, condenou sacrifícios: “Basta de sacrifícios (holocaustos), eu quero misericórdia.” (Mateus 12: 7).
Alguns textos de Paulo, de outros autores bíblicos e de teólogos paulinos dizem que os sacrifícios de animais foram substituídos pelo perfeito de Jesus. Mas os sacrifícios de pessoas, como no caso de Jesus, não são também pecados de assassinatos? Como pode, pois, o assassinato de Jesus ser tão agradável a Deus que remiu todos os pecados da Humanidade, como se o Espírito Dele fosse um espírito vampiro que se deleitasse com sangue humano? E, principalmente, com o sangue humano e de seu próprio Filho?
