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Não o, mas um Espírito Santo, ou bem evoluído

Com quase 2.000 anos de criação e a sua intensa divulgação por parte das autoridades cristãs, a doutrina da Santíssima Trindade e do seu Espírito Santo, bastante confusa, está arraigada, do jeito que foi assim criada, na mente dos cristãos de todo o mundo e de todos os tempos. Então, falar contra essa doutrina é muito difícil, senão quase impossível. Mas, com todo o respeito a ela e a todos os que creem nela, vamos, mais uma vez, refletir sobre ela.

Era difícil ela não receber influência da trindade mitológica politeísta dos pagãos, ou gentios. Mas podemos dizer que isso foi, de certo modo, um bem necessário para o cristianismo, pois servia como um meio de aproximação dos já citados pagãos, ou gentios, que tinham também sua doutrina trinitarista, conhecida como “Trimurte”, e, assim, o cristianismo teve oportunidade de conquistar certa simpatia deles para transmitir-lhes a nova doutrina cristã. Como diz o ditado popular: “Há males que vêm para o bem”.

O cristianismo se caracterizava como monoteísta. Mas a Santíssima Trindade criada por seus teólogos trouxe dúvidas. Eles já tinham dois seres todos como sendo Deuses, ou seja, o Deus único, criador incriado, definido por Jesus Cristo como sendo seu Pai e Pai de todos nós.

Mas o Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 381, declarou que Jesus Cristo, Filho de Deus, é também Deus e da mesma substância (“homousios”, em grego) de Deus Pai. Então, estava faltando mais um Deus para o cristianismo ter a sua Santíssima Trindade, isto é, um Deus trino como o tinham os pagãos ou gentios a sua trindade, ou Trimurte na Índia.

O cristianismo era e é monoteísta. Mas, com Jesus Cristo divinizado, muitos teólogos cristãos ficaram em dúvida. E, com a criação do Espírito Santo, a coisa se complicou ainda mais. Os teólogos dizem que só as Pessoas é que são três, mas Deus não é pessoa…

E não é “o” Espírito Santo imaginado e criado pelos teólogos que se manifestava por meio dos pneumatas (hoje chamados de “médiuns”), mas “um” espírito que pode ser santo e que diz verdades, mas pode ser também mau, ou pouco evoluído, e que diz mentiras através dos médiuns, não sendo, pois, confiável.

O espiritismo, a ciência sobre os espíritos, examina-os para saber se são bons e confiáveis ou não, como recomenda São João na sua Primeira Carta 4:1, evitando, assim, a divulgação de erros doutrinários ou falsas profecias. Então, repetimos, não se trata de “o” Espírito Santo garantido, imaginado e criado pelos teólogos do século IV, mas de “um” espírito, que pode ser santo, sim, mas que pode ser também mau, ou pouco evoluído, comumente chamado de “demônio”.

Artigo publicado no jornal O Tempo em 17/06/2024
PS: (*) Com este colunista, “Presença Espírita na Bíblia”, na TV Mundo Maior. Palestras e entrevistas em TVs com ele no YouTube e Facebook. Seus livros estão na Amazon, inclusive os em inglês, e a tradução da Bíblia (N.T.). Contato (Cássia e Cléia): contato@editorachicoxavier.com.br ou jreischaves@gmail.com 

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.