A doutrina da predestinação – me perdoe João Calvino, seu criador – ensina que Deus criou uma parte dos seres humanos para a salvação e outra para a condenação, o que é um absurdo, pois Deus ama com amor infinito todos os seus filhos. “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Romanos 8: 16). E, se Deus não faz acepção de pessoas, como Ele poderia ser assim, com uma parte delas, discriminador, cruel e até sádico? (Atos 10: 34; Provérbios 28: 23; 24: 23).
Graças a Deus que, hoje, já se sabe que a nossa palavra eternidade na Bíblia, em grego “aionios” e “aêon”, e em latim “eternitas”, foi traduzida erradamente, pois, essas palavras bíblicas grega e latina significam um tempo indefinido e não para sempre. Assim, não há mesmo penas sem fim. Se o sentido fosse este, as palavras nos textos bíblicos deveriam ser “olam” (hebraico), “aidios” (grego) e “sempiternus” (latim), derivado de “semper” (sempre).
E o adjetivo eterno em português, indevidamente, tomou o sentido de para sempre e até de ser um ser sem princípio e sem fim, no caso Deus, quando não é bem assim. O mais certo seria dizer Deus de antes, de durante e de depois de todas as eternidades. Deus é o Pai, incriado, o único ser incontigente de são Tomás de Aquino. E nós, como espíritos, somos apenas imortais, já que fomos criados.
Pode-se admitir a predestinação, mas apenas no sentido de que Deus predestinou todos nós para a glória, para a salvação sempiterna. Mas não todos de uma vez, e sim, cada um ao seu tempo de mérito para passar pela porta estreita. E os que serão condenados, o serão apenas temporariamente ou em uma das eternidades. “Não deixarás minha alma no inferno.” (Salmo 15:10). No futuro, pois, não haverá mais penas infernais, incompatíveis com o Deus de amor (1 João 4: 16). Sim, pois Ele sempre dará novas oportunidades (reencarnações) nas inúmeras eternidades para que qualquer filho seu, um dia, liberte-se do sofrimento infernal, que está no espírito encarnado ou desencarnado.
Deus e o cosmos conspiram sempre a nosso favor, jamais contra nós. E mesmo nós que não amamos com amor infinito, nós praticamos boas ações, as quais até cobrem multidões de pecados. (1 Pedro 4: 8). Um leitor, nos comentários sobre essa coluna no Portal de O TEMPO (www.otempo.com.br), disse que, com esse ensino, Pedro quis incentivar nos seus discípulos a prática de boas ações, querendo negar com isso que elas anulam pecados, o que é um abuso de interpretação. E dizemos-lhe que as boas ações são feitas mesmo é entre as pessoas e não entre pessoas e Deus, que jamais precisará delas!
Baseando-nos, pois, no que Pedro, realmente ensinou, afirmamos que as boas ações nossas para com o nosso próximo são práticas de amor, portanto, elas anulam de fato nossos pecados. E até ousamos dizer que é com a prática delas que alcançamos a salvação, pois são frutos da vivência do primeiro mandamento do Decálogo: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos. E o que não nos poderia faltar para isso é tempo. Mas Deus, Senhor do tempo, jamais no-lo negaria. Para isso, criou o fenômeno bendito das reencarnações, que nos permitem a nossa regeneração para a nossa salvação sempiterna.
A doutrina calvinista da predestinação de condenação sempiterna para uma parte da Humanidade é, pois, uma aberração contra o ensino de Jesus a respeito do seu Deus de Amor, Pai Dele e, também, de todos nós!
José Reis Chaves
Maio / 2016
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