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O Cristianismo nosso de cada dia

As religiões evoluem sempre. E o próprio nível evolutivo em que cada religioso se encontra influi na transformação das religiões. O cristianismo não escapou e não escapa dessa regra. E um de seus grandes erros foi justamente querer equiparar todos os cristãos em um mesmo nível de conhecimento.

Além disso, era e é comum na Igreja os que sabiam menos quererem dirigir os que sabiam mais. E ela venceu essa batalha no passado, porque contava com o apoio do poder civil. Aliás, o interesse de boa convivência entre a Igreja ortodoxa e o poder civil era recíproco, o que não nos surpreende, pois todos nós seres humanos somos imperfeitos e, portanto, egoístas.

A Igreja combatia seus próprios irmãos cristãos dissidentes. Vejam-se, por exemplo, as polêmicas teológicas de stº Agostinho contra os bispos donatistas e Pelágio (Peter Brown, “Santo Agostinho – Uma Biografia”, Ed. Record). E, em que pese a santidade de stº Agostinho, ao nosso ver, ele poderia ter empregado melhor o seu talento de gênio em questões teológicas mais importantes para o cristianismo.

Inclusive, algumas de suas idéias são mais protestantes do que católicas e não foram aceitas pela própria Igreja, por exemplo: a indigesta doutrina da predestinação, pois Deus não faz acepção de pessoas (Atos 10,34).

Mas é nos apócrifos que encontramos a causa principal das polêmicas cristãs. Neles temos a reencarnação e a doutrina contra a idéia de que Jesus e o Espírito Santo são outros Deuses. Há neles, também, um amor especial entre Jesus e Maria Madalena, como no Evangelho de Felipe (Frei Jacir de Freitas Faria, “As Origens Apócrifas do Cristianismo”, págs. 62 e 63, Ed. Paulinas). Daí livros e filmes como o “O Código Da Vinci”.

E o que você acha, prezado leitor, de Maria Madalena beijar Jesus na boca e de chamá-Lo em hebraico de “Rabbuni” (“meu querido Mestre”), expressão comum de uma mulher judia para com seu marido?

Todas as religiões são imperfeitas, mesmo que elas tenham apoio de espíritos iluminados. Assim, o nosso cristianismo de cada dia e em cada dia está sempre evoluindo, à medida que evoluem também todos os cristãos católicos, gnósticos, arianos, protestantes, espíritas e demais cristãos hereges, pois Jesus Cristo é de todos nós!

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.