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O Espírito Santo que somos

Agradeço ao Paulo Neto (Guanhães, MG), o comentário sobre esta coluna e a remessa de seu livro “A alma dos Animais – Estágio Anterior da Alma Humana?”, Ed. Panorama Espírita, Divinópolis, MG, 2006.

Quando os bispos do Concílio Ecumênico de Constantinopla (381) instituíram a doutrina do Espírito Santo e as bases da doutrina da Santíssima Trindade, instalou-se no cristianismo uma das maiores crises teológicas de sua história. Assim é que, já naquela época longínqua e de grande atraso intelectual, essas doutrinas e outras dogmáticas encontraram muita resistência entre os cristãos, as quais se firmaram na Igreja não pela lógica e a razão, mas à base da espada e da fogueira. A voz da consciência de cada cristão recebia um ultimado: ou crê ou morre!

Não Negamos o Espírito Santo, apenas não concordamos com a significação contrária à da Bíblia que Lhe conferiram os teólogos. Na verdade, Ele é como um substantivo coletivo que designa todos os espíritos. No Velho Testamento, só existe Javé.

No Novo Testamento e no princípio do cristianismo, o Espírito Santo, como os teólogos O imaginaram no citado concílio, é totalmente desconhecido. Mas era conhecido como sendo Espírito Santo do próprio indivíduo: “Deus suscitou o Espírito Santo de um homem muito jovem chamado Daniel” (Daniel 13,43, Bíblia Católica).

São Paulo, ao falar em dons espirituais (1 Coríntios 12,10), refere-se aos dons espirituais do Espírito Santo da própria pessoa, pois também Paulo não conheceu o Espírito Santo da Santíssima Trindade: “Porque, se eu orar em outra língua, meu espírito ora de fato…” (1 Coríntios 14,14). “Nosso corpo é santuário do (dum como está no original grego) Espírito Santo” (1 Coríntios 6,19).

E o nosso Espírito Santo é de fato santo, mesmo que seja ainda apenas em estado potencial (forma de semente), pois foi gerado por Deus: “… e lhe soprou nas narinas o fôlego (o Espírito Santo ou alma) da vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gênesis 2,7).

Um sistema religioso com erros só subsiste sem crises, temporariamente. Até quando os teólogos vão continuar minando o cristianismo com seus erros doutrinários sobre o Espírito Santo, que, biblicamente, somos nós mesmos em espíritos?

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.