O Espírito Santo virou substantivo coletivo?

Trinitaristas reuniram em só uma a manifestação de vários espíritos

O título melhor desta coluna seria: o Espírito Santo virou uma espécie de substantivo coletivo? E a reposta é sim.

Os teólogos que criaram a Santíssima Trindade são chamados de “trinitaristas”. E ela tornou-se oficializada no Concílio Ecumênico de Constantinopla em 381, que reconheceu como uma verdade a existência do Espírito Santo, a Terceira Pessoa Trina, e pelo que o Concílio Ecumênico de Calcedônia em 451 tratou logo de declarar que Jesus Cristo tem duas naturezas: uma divina e outra humana, para confirmar que ele é divino e humano.

Porém, como já vimos em outras colunas, há divergências entre os cristãos católicos e os ortodoxos sobre a Santíssima Trindade e mais especialmente sobre o Espírito Santo. Cito o exemplo a seguir, que já apareceu em outras colunas, mas o repito por ser muito importante, já que os ortodoxos dão menos valor ao Espírito Santo do que os cristãos católicos – sim, pois o colocam do lado esquerdo da pessoa que se benze. E minha intenção de repeti-lo é, principalmente, para os leitores mais novos de O TEMPO que ainda não o conhecem.

Vejamos:

No sinal da cruz da Igreja Católica, quando se fala do Filho, a mão direita é levada ao lado esquerdo do peito, e, quando se diz “Espírito Santo”, a mão toca o lado direito do peito. Já os ortodoxos fazem o contrário. Quando falam no Espírito Santo, levam a mão do lado esquerdo. E, na Bíblia, o nosso lado direito é mais importante.

No citado exemplo, ficou claro que os ortodoxos valorizam menos o Espírito Santo do que os católicos. E por quê? Creio que é porque ele pode ser um dos espíritos humanos bons (santos), mas não divino, que se manifestam e de que falam a doutrina espírita e João na sua Primeira Carta 4:1: “Queridos irmãos, examinai os espíritos e somente deem crédito aos que constatarem que são bons ou santos, pois o mundo já está cheio de falsos profetas”, isto é, os médiuns que recebem mentiras de espíritos ainda atrasados e que as divulgam como se fossem verdadeiras, quando são falsas profecias. E são esses espíritos humanos maus que na tradição cristã passaram a ser chamados de “demônios”. Mas não esqueçamos que se manifestam, também, espíritos bons e até santos.

Além do exemplo da Primeira Carta de João citada acima, recomendo o de Números 11: 26-29, em que Moisés elogia Medade e Eldade, que recebiam espíritos e profetizavam.

E é por isso que o Espírito Santo é uma espécie de substantivo coletivo que, segundo o espiritismo, designa todos os espíritos manifestantes, os quais, erradamente, passaram a ser um só espírito, denominado pelos trinitaristas de “o Espírito Santo”.

Artigo publicado no jornal O Tempo em 10/03/2025
PS: (*) Com este colunista “Presença Espírita na Bíblia” na TV Mundo Maior. Palestras e entrevistas em TVs no YouTube e Facebook. Seus livros estão também na Amazon, inclusive, os em Inglês. E a tradução da Bíblia, NT. Contato Cássia e Cléia contato@editorachicoxavier.com.br

Foto de José R. Chaves
José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.

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