Freqüentemente, Jesus é designado na Bíblia, inclusive por Ele próprio, como o Filho do Homem e O Filho de Deus. Os teósofos neoplatônicos Plotino, Amônio Sacha e Porfírio e os esotéricos consideram como sendo um filho do homem o indivíduo já liberto das reencarnações, isto é, um filho do homem por excelência.
E na Bíblia, essa expressão pode ter vários significados: filho de Adão ou homem (Daniel 8,17); um ser insignificante diante de Deus: “…o filho do homem, esse verme”(Jó 25, 6; e Salmo 8,4); na boca de Jesus, ela aparece como sendo “eu” (primeira pessoa do singular): “… O Filho do Homem não tem (eu não tenho) onde repousar a cabeça” (São Mateus 8,20); e há O Filho do Homem messiânico e apocalíptico (Daniel 7,13; Marcos 8,38; Mateus 16,27; e Lucas 9,26).
Mas para os pesquisadores do “Seminário de Jesus” (“The Five Gospels”, pág. 77), essas expressões foram colocadas na boca de Jesus pelos escritores hagiógrafos, e elas teriam origem em O Filho do Homem que consta do Velho Testamento (Daniel 7,13). E para Neil Douglas-Klotz, Ph.D, “O Evangelho Segundo Jesus Aramaico – Compreendendo Sua Mensagem Espiritual”, pág.199, não é garantido que essa expressão de Daniel seja anterior aos Evangelhos.
Para saber mais sobre esse assunto e outros, recomendamos “Entrevistas com Jesus”, de José Pinheiro de Souza. E quanto à expressão O Filho de Deus, na boca do próprio Jesus, ela só aparece no Evangelho de João. E quando Lhe perguntaram se Ele era O Filho de Deus (Mateus 26,63), Ele deu uma resposta ambígua, e parecia se referir à já citada frase de Daniel (Daniel 7,13).
E é errado interpretar esse título de O Filho de Deus como sendo Jesus filho único de Deus, pois Ele mesmo ensinou que todos somos filhos de Deus. A confusa doutrina da Trindade, que considera Jesus como Filho único de Deus, só foi promulgada no 4º século, portanto, depois de terem sido escritos os Evangelhos, aos quais, porém, ela foi acrescentada. A História é escrita pelos vencedores, mas em filosofia e teologia, os derrotados, que têm como armas a ciência e a razão, reescrevem-na!