Desde o início da formação do embrião, nós permanecemos ligados à nossa mãe biológica pelo cordão umbilical. Nessa fase é ele que nos transmite a vida, servindo de duto por onde passam os elementos necessários à nossa subsistência intrauterina, tendo como doadora a nossa genitora. Esse cordão não só nos liga fisicamente à nossa mãe, mas acreditamos que, ainda que simbolicamente, é por ele que as energias amorosas, daquelas que cumprem a sua nobre missão de geradora da vida, fluem em nosso benefício, inundando o nosso ser.
O rompimento dele, após cumprido todo o período de gestação, representa a nossa morte como feto, para a entrada na vida exterior, na qual, pouco a pouco, vamos nos desenvolvendo, sem mais o abrigo do útero materno. Seria esse processo doloroso? Não temos certeza, mas, a se levar em conta a gritaria dos recém-nascidos, presumimos que sim.
De maneira muito semelhante ocorre em nossa velhice, quando, pelo processo natural de esgotamento das células por envelhecimento, nos desligamos do corpo físico, de retorno ao plano espiritual. O cordão de prata (Ecl 12,6) é o fio fluídico que mantém ligado o espírito ao corpo físico. Quando ele é rompido somos liberados do pesado fardo corporal, para retornarmos ao plano espiritual. A nossa morte física é a porta pela qual se dá o nosso nascimento para a vida espiritual; fato que acontece tantas vezes quantas necessárias forem para seguirmos, via reencarnação, em nosso caminho evolutivo. Análogo ao primeiro, é ele que nos liga à vida física, de tal forma que, enquanto estiver
cumprindo esse seu objetivo, estaremos vivos; quando, por qualquer motivo, deixar de fazê-lo morreremos.
Assim esses dois elementos, cordão umbilical e cordão de prata, são os fios da vida, pois nos levam, nas suas duas variantes – a no plano físico e a no plano espiritual -, a uma demonstração de que, na natureza, as leis são quase idênticas para essas situações distintas, que, no fundo, têm o mesmo significado: o de nos abrir as portas da vida – uma do plano terreno e a outra do plano espiritual.
Jun/2008.