Tenho feito várias matérias sobre o Espírito Santo, que considero o mais confuso da Doutrina da Santíssima Trindade, a qual, por sua vez, é também a doutrina mais complicada do cristianismo. Aliás, ela foi proclamada com ênfase como sendo um dogma exatamente a fim de se autossustentar, caso contrário, os teólogos não a teriam levado em frente. Longe de mim querer desmoralizá-la e menos ainda os que nela creem, quaisquer que sejam seus pontos de vista sobre essa doutrina trina e do Espírito Santo.
Foi necessária a criação do Espírito Santo a fim de que se completassem as três pessoas que formam a Trindade. Segundo os teólogos trinitaristas, Deus é um só, as pessoas é que são três. Mas, se existe o erro de antropomorfização de Deus, considerá-lo como pessoa é um modo muito claro de o antropomorfizar. E atribuir a Ele três pessoas complica mais ainda a coisa. Outra questão a ser observada muito importante é que Deus é imutável. E colocar pessoa nEle é modificá-lo, pois antes Ele não era pessoa. Isso não deixa de ser também, como já dissemos, uma forma de sua antropomorfização.
Durante certo tempo, houve polêmicas entre os teólogos trinitaristas e os contrários à nova doutrina. Em outras matérias, eu já abordei a confusão que houve por causa do artigo definido “o” e do indefinido “um” antes de Espírito Santo. Os leitores de O TEMPO, há mais tempo, lembram-se de que tratei bem desse assunto. Para os mais novos que, então, não leram ainda esse assunto muito importante, em colunas minhas anteriores, vou resumi-lo aqui, para ajudá-los a entender melhor a questão.
Deve-se dizer “um” Espírito Santo, e não “o” Espírito Santo, pois ele, como a experiência milenar o demonstra, é uma espécie de substantivo coletivo que representa todos os “daimones” (espíritos) bons ou maus que se manifestam. Dizendo de outro modo, ele representa todo e qualquer espírito que se manifesta. É por isso que se deve dizer “um” Espírito Santo, e não “o” Espírito Santo, como se fosse só um que os teólogos trinos não sabiam bem se era o próprio Espírito de Deus, ou de um homem, ou de um
Deus e homem ao mesmo tempo. E, como em grego do Novo Testamento não existe o artigo indefinido “um”, muitas vezes, os tradutores e teólogos trinos para as outras línguas, que têm o indefinido “um”, de propósito, usavam o artigo definido “o” diante do Espírito Santo, a fim de dar a ideia errada dos teólogos trinitaristas de apenas o único Espírito Santo se manifestava.
E terminamos dizendo que todo espírito humano é santo, pois é criação divina…