Quando mal interpretado e fora de contexto, causa estranheza no leitor, e é alvo de polêmica, a conclusão de Allan Kardec apresentada no artigo Frenologia Espiritualista e Espírita – Perfectibilidade da Raça Negra, publicado na Revista Espírita, de abril de 1862, e citada numa nota em A Gênese. No tempo de Kardec todos acreditavam que os negros formavam uma raça inferior à raça caucasiana, ou branca, o que explica a frase de Kardec, que parece ferir a lei de igualdade: “Eis por que a raça negra, enquanto raça negra, corporeamente falando, jamais alcançará o nível das raças caucasianas”. Era uma questão não só cultural mas tinha também o respaldo da ciência daquela época, que observava o estado primitivo dos povos africanos e escravizados nas Américas. As consequências da crença nas diferenças raciais levavam inevitavelmente à discriminação, divisão de classes e exploração do homem pelo homem. Allan Kardec, pesquisando o elemento espiritual, sabia estar nele a chave da questão. Todos somos iguais, e evoluímos até nos tornarmos espíritos puros.
Por Paulo Henrique de Figueiredo