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O Prestígio do Diabo

“Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra?”

“Se houvesse demônios, seriam obras de Deus. Mas, porventura Deus será justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados?” (…)

(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Questão n° 131)

1. INTRODUÇÃO

A edição de 15.08.93 do jornal “Folha de São Paulo” traz, na página 1 do caderno “Cotidiano”, uma manchete: “Último exorcista trabalha clandestinamente”. A notícia referia-se a um sacerdote católico que, mesmo desobedecendo a seus superiores hierárquicos, “atrai fiéis com sessões contra o demônio atrás da catedral da Sé”.

Considerando a situação conjuntural por que o país atravessa, entendemos bem o motivo do digno sacerdote ser procurado e continuar a exercitar um rito medieval , como o do exorcismo, ainda que à revelia.

Também as Casas Espíritas acham-se cada vez mais carentes de recursos materiais e humanos, para atender ao número crescente de necessitados de auxílio espiritual, ressalvando-se o fato de que o Espiritismo não aceita a existência de demônios.

O desequilíbrio da ordem social, gerando desemprego e o gravame nas dificuldades para uma vida ordenada provoca lacunas nas defesas interiores das criaturas, que, dessa forma, tornam-se presas relativamente fáceis diante de espíritos que vibram na faixa da decepção e do desespero ou de inimigos desencarnados do pretérito.

O que mais surpreende, contudo, na reportagem, é o elevado índice apurado pela pesquisa “Datafolha”, de crédulos na existência do diabo: nada menos que 44% dos paulistanos acreditam na existência do demo; desses, 32% eram de nível superior e 47% completaram o 1º grau.

Numa época em que a própria igreja mostra-se reticente ao tratar do diabo, certamente para evitar constrangimentos; em que suprime o Limbo (1) e evita as temáticas que envolvam o céu, o purgatório e o inferno, pela falta de uma base lógica para a existência, no além-túmulo, dessas circunscritas regiões, são realmente espantosas as taxas percentuais apuradas de crença no diabo, através de pesquisa, mormente pela qualidade da amostra.

 

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Colaborador GAE
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Esta reflexão não necessariamente representa a opinião do GAE, e é de responsabilidade do expositor.

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