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Obrigado, padre Quevedo

Esteve em São Luís, recentemente, o já conhecido e manjado padre Oscar Quevedo. O Jesuíta que de 15 em 15 dias se transforma no novo “Mister M” das noites de domingo, não perde a oportunidade para combater o espiritismo e atacar seus seguidores, não poupando nem mesmo a figura humanitária, respeitada e querida de Chico Xavier. Quevedo não muda. Aonde vai, arma seu circo, faz seus truques baratos e, com o seu sotaque de espanhol naturalizado brasileiro, destila todo o seu fel sobre o Espiritismo e os espíritas.

A bem da verdade, devo dizer que guardo o mais profundo respeito pela Igreja Católica e algumas de suas figuras, tais como Francisco de Assis, João XXIII, madre Teresa de Calcutá, dom Hélder Câmara e Irmã Dulce. Na atualidade, não posso deixar de citar o lúcido Frei Beto e o sábio Leonardo Boff, um dos maiores pensadores dos nossos dias, motivo de orgulho para todos nós brasileiros. Sem falar num grande número de conhecidos meus, católicos sinceros, praticantes e fervorosos, objetos da minha admiração e cujas amizades me orgulho de ter.

Agora, quanto a Quevedo, é outra conversa… Razão pela qual me refiro à pessoa e não à instituição. Intitulando-se “parapsicólogo”, nega sistematicamente tudo o que diz respeito à existência e à sobrevivência dos espíritos, e, acima de tudo, a possibilidade destes interferirem no mundo físico. Dizendo-se cientista e pesquisador, esquece um dos princípios fundamentais da ciência: a neutralidade. Sua negação atingiu um nível tal, que passou a ser antipatizado até pelos próprios católicos. Proibido pela Igreja de falar e exercer suas funções sacerdotais, teve de amargar um voto de silêncio por dez anos, limitando-se ao papel de simples motorista da ordem.

Há mais de 30 anos Quevedo combate o Espiritismo, sem sucesso, diga-se de passagem, uma vez que a Doutrina Espírita só tem crescido. A revista Veja, em matéria datada de abril de 91, intitulada “O Brasil põe fé nos espíritos”, trouxe um dado interessante e bastante significativo: em apenas dez anos, o número de adeptos do Espiritismo saltou de 1,5 milhão, para 6,9 milhões. Hoje, dez anos depois, com certeza, este número é bem maior, ou quem sabe, o dobro.

Disto, podemos deduzir: 1º – o “ discurso” de Quevedo não foi capaz de deter o avanço do Espiritismo, o que o torna um incompetente. 2º – a ferrenha luta do padre Quevedo contra a Doutrina Espírita funcionou ao contrário; ou seja, despertou ainda mais o interesse das pessoas pelo Espiritismo, o que os espíritas agradecem de coração. Combatendo o Espiritismo, Quevedo tornou-se um dos seus maiores divulgadores. 3º – A confirmação de que a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, está alicerçada em bases sólidas, por serem seus princípios científicos, lógicos e portanto, inabaláveis.

Os espíritas têm como norma de conduta ética não atacar nenhuma religião, doutrina, crença, ou seus seguidores. É uma atitude de respeito à nossa Constituição, que garante o direito de culto, à liberdade de consciência e de expressão e, se não por isto, por educação. “o Espiritismo – afirmou Kardec -, proclama a liberdade de consciência como um direito natural: reclama-a para os seus, como para todo o mundo. Respeita todas as convicções sinceras e pede para si a reciprocidade.” Não atacamos é verdade, mas, se preciso, nos defenderemos.

Por fim, aconselhamos ao padre Quevedo que mude de conduta. Caso contrário, o papa dos anos 2500 terá de pedir desculpas aos espíritas, tal como o incansável e carismático João Paulo II, defensor do ecumenismo, teve que fazer recentemente aos índios, negros e judeus.

 

Moab José

Diretor do Lar Pouso da Esperança

sbconsultores@elo.com.br

Publicado em “O Estado do Maranhão” – 04/05/2000

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