O dogma da Santíssima Trindade é um dos mais confusos criados pelos teólogos cristãos. Em outras religiões, a Trindade tem aspectos, e não pessoas divinizadas (politeísmo?), o que enfraquece a nossa fé.
Cristo (em Grego), Messias (em Hebraico), “Verbus” (em Latim) e Verbo (em Português) são termos equivalentes ao Logos de Platão, o qual significa razão e demiurgo, criador dos homens, e intermediário entre nós e Deus. No Século 1, o filósofo grego judeu Filon desenvolveu essa doutrina do Logos do Prólogo do Evangelho de João (João 1, 1 a 18), e adotada pelo Cristianismo anterior ao Concílio de Nicéia (325). E lembremos-nos aqui de que, na Bíblia, os seres humanos, encarnados ou não, são deuses (Salmo 82,6, 1 Samuel 28, 13, e João 10,34).
Já “Filho de Deus” era um título comum, no tempo de Jesus, às almas de escol. E todos seremos um dia filhos de Deus. ” A todos que O receberem deu o poder de serem filhos de Deus” (João 1, 12).
E o Mestre é a nossa luz para isso (João 1,9). No texto original grego, Deus é “Théos” (o Deus). Já Deus intermediário, o Cristo, é “Logos” (um Deus). Na Mitologia Grega, Deméter era a “Mãe dos deuses”, a Ceres dos Romanos. E Pitágoras diz nos seus “Versos de Ouro” que nós podemos tornar-nos deuses, deuses do Deus único de todos nós, inclusive de Jesus: ” Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. “Pai nosso que estais nos céus…” Foi essa doutrina platônica do Logos que fez Santo Agostinho abraçar o Cristianismo (“Confissões”). E na frase de Gêneses: “Faça-se a luz”, luz refere-se, figuradamente, ao Logos, o “Primogênito das Criaturas”, que, num futuro longínquo, viria à Terra, como sendo o Verbo de Deus encarnado.
Em João 1,18, lemos: “Filho Unigênito do Pai”. Estaríamos diante de mais uma das várias interpolações na Bíblia, para adaptar o Evangelho ao Credo do dogma do Concílio de Nicéia (325), que transformou Jesus em Deus? Nesse Concílio, Ario defendeu a tese de “Omoios” (semelhante) ou da semelhança de Jesus Cristo com Deus. Já Santo Atanásio, apoiado por Constantino, ensinava a tese, que foi a aprovada, de “Omoio Ousios” (mesma substância), ou de que o Nazareno era também Deus (Théos). A Inquisição, em 1546, enforcou e queimou o filólogo francês Étienne Dolet em Paris, por ele ter dito que a frase correta deveria ser “Filho de Deus único”. Mas ” Filho Unigênito do Pai” pode significar também que Jesus era, até àquela época, o único homem digno do título de Filho de Deus, o Demiurgo da Humanidade, daí Ele ser nossa luz e nosso modelo.