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Os dogmas fazem do ecumenismo uma utopia e levam ao ateísmo

Os dogmas cristãos são doutrinas polêmicas, por serem baseadas em teses de teólogos que, devido ao atraso cultural do passado, nem sempre interpretaram corretamente os textos bíblicos, daí que foram impostos pela força e não bem pela razão. Os protestantes e evangélicos aumentaram suas doutrinas contrárias a alguns dogmas católicos. E a Igreja, por sua vez, passou a divulgar e defendê-los mais ainda! E essas atitudes radicais, de um lado e de outro, já provocaram até guerras religiosas medievais entre países europeus católicos e protestantes.

Todas as religiões têm suas razões para defender sua fé. Mas isso não significa que as outras religiões estão erradas. O adepto de uma religião não pode, pois, pensar que apenas a sua crença é a verdadeira, principalmente se isso for feito com fanatismo. O fanatismo religioso deixa as pessoas cegas para outras verdades fora da sua religião, levando-as a desarmonizar-se com as pessoas que têm crenças diferentes das delas, tornando-as, pois, pessoas conflitantes com quem não é do seu grupo religioso, inclusive com elementos de sua própria família. Assim, pois, é melhor o indivíduo não ter religião, e viver em paz com a sociedade do que ter uma fé fanática e cega, que só serve para dividir as pessoas, quando a religião deve fazer o papel contrário, isto é, o de unir fraternalmente as pessoas em torno de Deus Pai de todos nós! Toda religião é, pois, benéfica, mas torna-se como que uma droga na vida das pessoas, se ela for com fanatismo.

E, infelizmente, são realmente os dogmas cristãos que mais vêm dividindo o cristianismo e, o pior, são eles que mais vêm fazendo crescer o ateísmo, principalmente no chamado Primeiro Mundo, e também entre os cientistas e intelectuais. A maioria dos padres e pastores até evita falar neles, dizendo apenas que eles são mistérios de Deus, explicação essa que não mais satisfaz às pessoas do mundo atual, mesmo porque eles são criações humanas, isto é, dos teólogos e não de Deus.

Lamentavelmente, um dos maiores dogmas cristãos, o da Santíssima Trindade, é uma das causas principais da separação entre a Igreja Católica e a Ortodoxa Oriental, por exemplo: a questão trinitária do “Filioque” do Concílio Ecumênico de Lion (1274). E o dogma trinitário é também o fator principal do distanciamento entre o cristianismo e o islamismo.

E vamos a um exemplo bíblico que envolve o dogma trinitário e que nos deixa ainda mais confusos. As concepções de alguns seres humanos no Velho Testamento, as quais alguns chamam de milagrosas, entre elas, a de Isaque, com sua mãe Sara já em idade bem avançada, tiveram a intervenção divina do Senhor, que os judeus chamam também de Javé (Gêneses 18: 12; e 21:2). Já no Novo Testamento, para a intervenção divina em Isabel, na concepção de seu filho João Batista, essa intervenção não é do Senhor (Javé), mas do Espírito Santo. Lembrando, por oportuno, que se diz que Maya, a mãe de Buda, o concebeu também por intervenção divina, perguntamos qual é o Deus verdadeiro dos cristãos, o Senhor (Javé), o Deus Pai da Primeira Pessoa trinitária ou o do Dogma do Espírito Santo da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade?

Somente com muita humildade e a consequente queda do radicalismo dogmático cristão, essas polêmicas poderão ser resolvidas! Enquanto isso não acontece, lamentavelmente, o ecumenismo torna-se uma utopia e alastra-se o ateísmo!

 

José Reis Chaves
Outubro / 2016

PS: “Presença Espírita na Bíblia” com este colunista, na TV Mundo Maior por parabólica e internet.

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José R. Chaves
Escritor, professor de português, jornalista, biblista, teósofo, pesquisador de parapsicologia e do Espiritismo. Tradutor de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. E autor dos livros, entre outros, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” e “A Face Oculta das Religiões”, ambos lançados também em inglês nos Estados Unidos.