“O nosso objetivo não é convencer incrédulos, se não se convencem pelos fatos, menos o fariam pelo raciocínio: seria perdermos o nosso tempo.” (ALLAN KARDEC)
Em nossas pesquisas acabamos por encontrar um relato muito curioso relativo a fenômenos de materialização ocorridos por intermédio de Chico Xavier (1910-2002) nos anos de 1952 e 1953 (1), que, na ocasião, agia como médium de efeito físico. O seu amigo Rafael Américo Ranieri (1919-1989), em Forças Libertadoras, no cap. 9 – “Eu não quero””, é quem nos dá notícia sobre isso:
Luzes e vozes, através de sua prodigiosa mediunidade, encheram o ambiente.
Um silêncio sagrado percorreu os espectadores. Ali estava o Chico, na sua simplicidade e no seu carinho, entregue às ações poderosas de entidades que penetravam o recinto.
Maravilhosa espanhola, exibindo o véu diáfano que lhe compunha a mantilha, estalando imprevistas castanholas, deliciou os ouvintes com a sua presença inconfundível. Outros espíritos vieram, uns após os outros ao recinto, relembrando alguns as encarnações que o Chico e outras pessoas que ali estavam viveram na Espanha de Fernando e Isabel.
Emocionados acompanhavam todos a maravilhosa noite que a mediunidade de efeitos físicos do Chico lhes concedera.
Eis que, porém, sem que se esperasse, em plena sala, se destaca a figura serena, mas enérgica do espírito de um senador romano. Alto, majestoso, túnica imponente, ligeiramente atirada sobre os ombros. Faixa característica em forma de cinturão cingindo-lhe a cintura. Cabeça olímpica, olhar vivo.
Uma onda de respeito e de temor percorreu os corações e atingiu-lhes a mente.
Ali, diante deles, estava Emmanuel, […].
[…].
Emmanuel dirigiu-se solenemente à feliz assembleia e declarou:
– Eu não quero! Eu não quero que o Chico sirva de médium de materialização. A sua Missão é a Missão do Livro! Não é médium com tarefa de efeitos físicos…
Aquelas palavras caíram sobre os assistentes como verdadeira bomba. (2) (grifo nosso)
Um ponto importante que julgamos por bem ressaltar é que as reuniões de materializações são todas elas coordenadas pelos Espíritos protetores, os verdadeiros responsáveis pela produção dos fenômenos, atendendo a objetivos que desejam. A participação do médium se restringe à doação do ectoplasma para a produção desses fenômenos. Os participantes também o doam, porém,
em quantidade bem inferior à do médium de efeito físico.
A não ser a citação de “maravilhosa espanhola”, um personagem anterior de Chico Xavier, nenhuma informação sobre quais foram os Espíritos que se manifestaram foi dada a não ser a de que “relembrando alguns as encarnações que o Chico e outras pessoas que ali estavam.” Aliás, nenhum dos amigos do médium, presentes àquela reunião, deu com a “línguas nos dentes”, listando os personagens do seu passado.