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Podemos questionar as escrituras?

É comum que apontem a nós, os espíritas, como sendo um bando de heréticos, por causa do questionamento que sempre fazemos de todo e qualquer escrito, não excluindo nem mesmo a Bíblia, o que, para eles, é a razão de nossa heresia.

Dizem que somos os responsáveis pelo desvirtuamento da fé, quando, na verdade, estamos justamente querendo que as pessoas a tenham em maior solidez, embora isso possa parecer, à primeira vista, contraditório. O que percebemos é que, por tantas coisas absurdas, incoerentes, inconsistentes, lendárias e mitológicas contidas na Bíblia – e não podemos nos esquecer que nela Deus é um carrasco que vinga a culpa dos pais nos filhos, como também nos imputa pecado que não cometemos –, muitas pessoas têm deixado desfalecer a sua fé. Um Deus que manda para o castigo eterno as pobres almas que erram apenas por ignorância, porquanto o amor ainda não lhes germinou em seus corações, causa mais temor do que respeito e devoção. Coisas incompatíveis com a justiça humana são atribuídas a esse “deus” bíblico, muito diferente daquele que Jesus nos apresentou como sendo o nosso Pai.

Jesus, em certa oportunidade, disse: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32). Ora, não há como conhecer a verdade sem que façamos um questionamento amplo e irrestrito em tudo quanto nós aprendemos, via ensinamentos dogmáticos comuns às culturas religiosas extremamente presas à letra, que, inclusive, proíbem a seus fiéis tudo que não leva o seu selo.

 

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Paulo Neto
É palestrante e articulista da Mídia Escrita Espírita e não Espírita, com vários artigos publicados em um grande número de jornais e revistas, muitos dos quais poderão ser encontrados na Internet e principalmente neste site.
Esta reflexão não necessariamente representa a opinião do GAE, e é de responsabilidade do expositor.

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